domingo, 5 de dezembro de 2021

 


Cresça e desapareça!

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*por Claudia Queiroz
Na infância, é comum ouvirmos uma frase parecida com essa, nos encorajando a tomar decisões apenas quando crescermos. Já na vida adulta, não é raro nos oferecerem um repertório de situações semelhantes, que tentam nos reduzir, só porque “alguém” não quer crescer.Lembrando que planos mirabolantes de dominação, controle e manipulação são estratégias usadas por pessoas fracas, geralmente com baixa autoestima e níveis altos de problemas no ego.Violências invisíveis jamais podem ser aceitas ou normalizadas. Elas roubam a vida de quem se atreve a ceder e escolhe distanciar-se da própria essência para agradar o outro. O preço pago por isso é caro, comparo com uma pena de vida.Pais que se orgulham de um filho bonzinho sentem a mesma satisfação do marido de uma esposa que só sabe dizer sim. Pessoas sem voz, sem vontades, cobertas de medo de assumir o comando de si, estão sempre presas, embora nem sempre se deem conta disso.Soube dia desses de alguém que passou 40 anos da vida dedicando-se a trabalhar para usufruir depois o que conquistou. Acumulou riqueza, comprou imóveis e morreu, sem família nem filhos, de um infarto fulminante antes de curtir o que sonhava merecer no futuro (que não veio).Um grande amigo terapeuta tem milhares dessas histórias. Paulo Kiai é um mestre no ajuste de prumo e consegue pescar a alma antes mesmo dela desistir do corpo em que habita.Segundo ele, é comum atender mulheres desenganadas, que mal conhecem reconhecer seu poder, beleza e glórias, porque continuam se vendo como aquela menina desajeitada que nunca era escolhida pra participar de uma partida de basquete com os amigos da escola…Viveram até então no emaranhado das próprias crenças limitantes e se viram por toda a existência como sendo incapazes de quicar uma bola. Imagina algo mais complexo que isso… Nem precisaria tentar, né?!Bons terapeutas têm o poder de nos ajudar a redigir novos acordos. Conosco e com quem convivemos. Isso é próspero, saudável e feliz. Há sempre tempo de rever propósitos de vida.Dia desses soube de um provérbio interessante no qual inferno e céu são habitados por seres sem cotovelos. E qual o sentido da metáfora? É que no céu as pessoas usam o braço esticado para alimentar uns aos outros, enquanto no inferno elas continuam tentando matar a fome focadas apenas na própria desgraça. A velha disputa entre competição e colaboração.Madre Tereza de Calcutá, famosa pelas obras de caridade, respondeu certa vez a um repórter que para salvar o mundo era preciso olhar para a própria família. Guardei no coração a frase dela. Hoje sou mãe e não permito que minha filha tenha, nem por um segundo, suas ideias amputadas. Ela é infinitamente feita de sonhos.
Sabemos que o essencial é invisível aos olhos, e portanto, gigante nas raízes do amor. Do próprio e para o outro, que precisa nutrir de liberdade para voar ou ficar. Esse é o maior poder que temos: escolher, para pagar e prestar contas com Deus, sobre tudo o que carregamos enquanto o tempo passava por nós. E você, coleciona graça ou desgraça?
Claudia Queiroz é jornalista.

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