Atualizado às 15h27.
Sob vaias, os sete vereadores deixaram na tarde desta sexta-feira (9) o
gabinete da presidência da Câmara Municipal, na praça da Cinelândia, no
centro do Rio, após negociar com os manifestantes, que estavam
descontentes com a escolha do novo presidente da CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) dos Ônibus.
Na manhã desta sexta, os parlamentares do PMDB, Chiquinho Brazão e
professor Uóston, foram os escolhidos para ocupar os cargos de
presidente e relator da CPI, respectivamente. Ambos são da base aliada
do governo Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.
Durante a entrevista no gabinete da presidência da Casa, Brazão e mais
seis vereadores, entre eles, Uóston, Jorge Filipe (PMDB), o presidente
da Câmara, Alexandre Izquierdo, Jorginho da SOS --ambos do
PMDB--, Paulo
Messina (PV), e Tereza Bergher (PSDB) foram cercados pelos
manifestantes e impedidos de deixar o prédio por pouco mais de duas
horas.
Após negociação, cerca de 20 policiais fizeram a escolta dos políticos,
que deixaram a Casa sob vaias e gritos: "Brazão, ladrão, da máfia do
busão". Apesar do clima tenso, não há registro de tumultos até o
momento. Antes de deixar o gabinete, Brazão afirmou em entrevista a
jornalistas que não irá renunciar ao cargo.
Erbs Jr./Frame/Folhapress | ||
Vereador Eliomar Coelho (PSOL) explica como será instaurada a CPI dos Tranportes |
A confusão começou porque os manifestantes queriam que o vereador
Eliomar Coelho (PSOL) fosse o escolhido para presidir a CPI. A comissão
vai investigar casos referentes a implantação, fiscalização e operação
do serviço público de transporte coletivo de passageiros na capital
fluminense.
O grupo reclamou também aos vereadores da rapidez com que a sessão foi
conduzida --menos de 30 minutos-- e, principalmente, dos quase 200
manifestantes que ficaram de fora da sessão. Segundo eles, não se chegou
a um consenso.
Outro grupo de manifestantes, cerca de cem, ocupa o plenário da Câmara
para votar uma pauta para ser apresentada aos vereadores --que inclui a
anulação da sessão que decidiu pelos presidente e relator da CPI e a
realização de uma nova audiência com a presença do público. O grupo
afirma que, caso as reivindicações não sejam aceitas, irá permanecer na
Câmara.
Após alguns minutos do início da conversa no plenário, a luz e o
ar-condicionado foram cortados. Manifestantes montaram barricadas com
cadeiras com medo de a Polícia Militar invadir o local. Do lado de fora
da sala, há um grupo de policiais posicionados.
Mais cedo, manifestantes invadiram o gabinete de Chiquinho Brazão e
picharam as paredes. Brazão afirmou que o grupo que está na Câmara está
sendo incentivado por vereadores do PSOL.
CPI DOS ÔNIBUS
A instalação da CPI era uma das reivindicações dos manifestantes que, desde junho,
saem às ruas no Rio. Os vereadores que apoiam o prefeito Eduardo Paes
(PMDB) --40 dos 51 que compõe a Casa-- resistiam a assinar o pedido, mas
parte acabou cedendo devido à pressão popular.
A composição da CPI desagradou os que incentivaram a sua criação. Dos
cinco escolhidos, apenas o vereador Eliomar Coelho (PSOL) assinou o
requerimento para a instalação da comissão, os outros foram contrários
às investigações.
A CPI vai investigar a atuação dos quatro consórcios que exploram o
serviço de transporte de ônibus na capital fluminense. Eles venceram uma
licitação em 2010, que está sendo investigada pelo Tribunal de Contas
do Município.
Na Assembleia Legislativa, também há pedidos de CPIs engavetadas. As
principais tratam sobre as viagens ao exterior do governador Sérgio
Cabral (PMDB), o uso dos helicópteros, e as obras da região Serrana.
INVASÃO
Ontem, ao final da sessão legislativa, cerca de 25 pessoas que assistiam
do plenário se recusaram a deixar o local. Vereadores tentaram negociar
a saída do grupo, mas pelo menos 16 manifestantes permaneceram no
prédio durante a madrugada. Por volta das 4h desta sexta, os
manifestantes deixaram o local.
Contudo, na noite de ontem houve confronto entre a polícia e os
manifestantes. Policiais tentaram retirar as pessoas que estavam
agrupadas em uma entrada lateral do local e os manifestantes reagiram
jogando bombas caseiras. Policiais revidaram com bombas de gás
lacrimogêneo e com tiros de bala de borracha. A Polícia Militar não
permitiu a entrada da imprensa durante a ocupação.
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