Técnicos terão oportunidades
ao longos dos próximos três anos
Serão necessários, aproximadamente, 7,2 milhões de trabalhadores
para atender a indústria no Estado. A remuneração gira em torno dos a R$
15 mil
Mais de 7 milhões de vagas para técnicos em áreas de média qualificação, durante os próximos três anos: essa é a estimativa do Mapa do Trabalho Industrial 2012, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Segundo o estudo, do total da demanda, 1,1 milhão será por trabalhadores para ingressarem em novas oportunidades no mercado. As outras vagas já existem e os trabalhadores precisam se manter qualificados para acompanhar os avanços tecnológicos da indústria.
Foram destacadas 177 ocupações, que vão desde trabalhadores da indústria de alimentos, como cozinheiros industriais e padeiros até supervisores de produção de indústrias químicas e petroquímicas. No total, são 7,2 milhões de vagas.
A necessidade de profissionais de nível técnico até 2015 é 24% maior que a registrada para o período 2008-2011, quando a necessidade de profissionais ficou em 5,8 milhões.
Pensando nessa demanda, a presidente Dilma Rousseff revelou que o governo quer formar mais parcerias com setores privados para ampliar o número de vagas no ensino profissionalizante. O anúncio aconteceu durante a Olimpíada do Conhecimento, realizada na última quarta-feira, em São Paulo.
“Nossa meta é oferecer 8 milhões de vagas para a formação de jovens em cursos técnicos profissionalizantes até 2014. Já tivemos a abertura de 2,2 milhões de vagas, em pouco mais de um ano, graças à parceria com a indústria”, ressaltou, destacando o investimento no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído em parceria com o Sistema S (Sesi, Senai, Senac e Sesc).
O estudo revela que, entre as ocupações em áreas de média qualificação – que não exigem o ensino técnico e sim cursos de capacitação profissional – a maior oportunidade está no setor de alimentos, onde serão requisitados 174,6 mil trabalhadores da indústria de alimentos, especialmente cozinheiros industriais, entre 2012 e 2015 em todo o País.
Outros cargos em destaque em nível nacional são operadores de máquinas para costura de peças do vestuário, com 88,6 mil vagas, preparadores e operadores de máquinas pesadas para a construção civil, com 81,7 mil oportunidades, mecânicos de manutenção de máquinas industriais, com 63.427 chances, e mecânicos de manutenção de veículos automotores, com 62.866 vagas.
Já na área técnica, os técnicos de controle de produção (88.766 oportunidades) são os mais solicitados, seguidos por técnicos em eletrônica (39.919), técnicos em eletricidade e eletrotécnica (27.972), técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações (25.204) e técnicos em operação e monitoração de computadores (21.677).
A pesquisa ainda indica que, apesar de não estarem entre as áreas com maior demanda, algumas profissões têm ganhado espaço no mercado de trabalho industrial, como agente de meio ambiente e trabalhadores do campo da logística.
“No entanto, apenas 6,6% dos brasileiros entre 15 e 19 anos estão em cursos de educação profissional. Na Alemanha, esse índice é de 53%. Nossos jovens precisam ver a formação profissional como uma excelente oportunidade para o mercado de trabalho”, indica Rafael Lucches, diretor-geral do Senai.
Lucches explica que a pesquisa, inédita, vai orientar o planejamento da oferta de cursos da instituição e pode apoiar os jovens brasileiros na escolha da profissão e, com isso, aumentar suas chances de ingresso no mercado de trabalho.
“Um país que ainda investe pouco em educação, como o Brasil, deve lançar um olhar à frente para dimensionar e direcionar a aplicação dos recursos, sejam públicos ou privados”, avalia.
Ele observa ainda que os profissionais das ocupações operacionais não podem estar focados apenas no exercício de uma tarefa específica. Eles precisam ter a capacidade e conhecimento para desempenhar várias funções, devem compreender toda a linha produtiva e terem conhecimento na área de gestão.
Estado – De acordo com a pesquisa, o Rio de Janeiro deve empregar 664,5 mil profissionais, o que corresponde a 9,3% da demanda brasileira.
Em relação às ocupações de nível técnico, a demanda do Estado reflete a necessidade nacional. No entanto, na área de qualificação média, os cargos em destaque são de trabalhador da indústria de alimentos (cozinheiros industriais); operador de máquinas para costura de peças do vestuário; padeiros, confeiteiro e afins; trabalhador de montagem de estruturas de madeira, metal e compósitos em obras; mecânico de manutenção de máquinas industriais.
Valorização – Com 35 anos de experiência na área de eletrônica, o professor José Márcio Peixoto, da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), atribui a valorização do profissional técnico não só à indústria do petróleo e gás, mas ao avanço da tecnologia.
“O técnico tem um perfil mais operacional, é um trabalhador capacitado que está preparado para atuar na prática”, esclarece.
Sobre a eletrônica, ele revela que a matéria está presente na maior parte dos concursos na área tecnológica e afirma que instituições como a Marinha e a Aeronáutica são boas opções de emprego, já que realizam concursos periódicos na área.
“A eletrônica está em plena expansão, desde a sua aplicação na medicina à exploração de petróleo na camada pré-sal, passando por automóveis. O profissional só fica sem emprego se quiser”, insiste Peixoto, acrescentando que o salário inicial da categoria é de
R$ 2 mil e pode chegar a R$ 15 mil em empresas públicas de grande porte.
Outro professor do curso, Sergio Fernandes Dutra, explica que os alunos começam estudando a eletrônica básica, onde aprendem sobre correntes e resistências, até que passam para a área digital, voltada para computadores, e para a eletrônica especializada, que tem foco na indústria.
Aluno do curso, André Luis Maia, de 18 anos, investiu na formação por acreditar que teria possibilidade de trabalhar em diversas áreas. Otimista com a previsão de vagas para os próximos anos, ele pensa em trabalhar em telecomunicações.
“Atualmente eu estagio em uma empresa de manutenção de computadores. Antes mesmo de me formar, tenho a possibilidade de colocar em prática os conhecimentos do curso técnico”, comemora.
Professor do curso técnico de eletricidade do Senai, Gilberto Tiago Moreira explica que o conhecimento técnico proporciona uma inserção mais rápida no mercado de trabalho, mas frisa a importância da educação continuada.
“A tecnologia está em constante evolução. O técnico, mesmo empregado, precisa continuar a investir em sua formação, seja fazendo outros cursos em áreas complementares, buscando atualização ou investindo em um curso de nível superior”, alerta.
É o caso de Cristian Oliveira, de 20 anos. Recém-formado no curso de técnico em eletricidade industrial, ele decidiu continuar no Senai e fazer a graduação tecnológica na área. Hoje ele ainda atua como professor na instituição.
“O mercado ainda tem muito o que crescer, pois acompanha a expansão da indústria. Cada vez mais as empresas investem em tecnologia para melhorar a produção e é nos técnicos em quem eles encontram a mão de obra ideal”, analisa.
Interessados em obter mais informações sobre os cursos técnicos gratuitos devem acessar os sites www.ifrj.edu.br, www.firjan.org.br, portal.cefet-rj.br ou www.faetec.rj.gov.br para obter mais informações sobre a abertura de novas turmas.
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