quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

FERIADO EM QUISSAMÃ

 

 Quissamã: feriado marca os 24 anos de 

emancipação-política-administrativa

A data de Emancipação e do Plebiscito, 
realizado no dia 12 de junho, 
são memoráveis. 


O feriado desta sexta-feira (4) registra os 24 anos de emancipação política e administrativa de Quissamã. A proposta que elevou Quissamã à condição de Município foi oficializada em 4 de janeiro de 1989, através da Lei 1.419, sancionada pelo então governador, Moreira Franco e publicada no Diário Oficial do Estado. Mas, foi no ano anterior - em 12 de junho de 1988- que aconteceu o plebiscito que garantiu a criação do município de Quissamã, até então, distrito de Macaé.


O prefeito Octávio Carneiro instituiu recesso para o funcionalismo municipal nesta sexta, (4), mas os serviços públicos considerados essenciais -de saúde, segurança e serviços públicos e outros- para a população não serão paralizados. Os bancos, o comércio e os serviços da cidade estarão funcionando durante todo o dia, em horário comercial.

 
A decisão de comemorar o aniversário da cidade no dia 12 de junho, foi tomada pelo prefeito Octávio Carneiro, no primeiro ano de funcionamento da Prefeitura, em 1990. 


Com duas datas festivas, o primeiro prefeito -Octávio Carneiro - decidiu, junto com os secretários e a comunidade, comemorar a data no dia 12 de junho, quando ocorreu o Plebiscito.


Os funcionários mais antigos da Prefeitura contam que a decisão foi tomada à época, porque não havia tempo hábil para a Administração do recém-criado município organizar o grande evento, além de 4 de janeiro ser uma data complicada para realização de desfile cívico, quando os estudantes estão de férias escolares. Os servidores mais antigos lembram que o primeiro desfile foi muito simples e, no segundo ano, em 1991, a festa começou a crescer e, naquele mesmo ano, foram lançados os símbolos do município; o Brasão e a Bandeira Municipal.


Plebiscito foi realizado há 25 anos - O resultado do plebiscito realizado em 1988, foi amplamente favorável à emancipação de Quissamã, quando 3.309 eleitores disseram “sim” contra apenas 84 negativas, conforme registrou Gilberto Mattoso, no seu livro sobre Quissamã. Realmente, nada mais justo comemorar no dia em que os quissamaenses foram às ruas votar a favor da emancipação da cidade. 

Prefeito Octavio Carneiro











QUISSAMÃ SEU TURISMO


Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba


65% da extensão do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba ficam em Quissamã. O Parque foi criado por Decreto Federal em 29 de abril de 1998, com o objetivo de preservar os ecossistemas ali existentes e possibilitar o desenvolvimento de pesquisa científica e de programas de educação ambiental. Localizado na região litorânea do norte do Estado do Rio de Janeiro, é o primeiro Parque Nacional em área de restinga. 



O Parque abriga 18 lagoas ao longo de seus 44 quilômetros de costa. Entre as espécies de fauna encontram-se: o jacaré-do-papo-amarelo, cágado-do-brejo, lontras, capivaras, papagaios e diversas aves residentes ou migratórias. A flora apresenta elevado número de espécies endêmicas ameaçadas de extinção, como orquídeas e bromélias. A administração do parque é realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA. 



A Prefeitura de Quissamã através da Secretaria de Meio Ambiente promove várias ações voltadas a preservação e conservação do meio-ambiente. Entre elas destacam-se a implantação do Sistema de Saneamento Básico em todo perímetro urbano do município, o apoio ao desenvolvimento de pesquisas científicas e o combate aos incêndios florestais. O Ibama está finalizando o plano de manejo do Parque que vai definir locais, horários e capacidade de visitação.



Patrimônios Arquitetônicos 



A Igreja e Quissamã


Segundo José Carneiro da Silva em sua "Memória Topográfica" sobre os Campos dos Goytacazes em julho de 1694, Luís de Barcelos Machado fundou a Capela de N. Sra. do Desterro do Furado, o qual alcançou do Bispo do Rio de Janeiro que a erigisse em capelaria Curada. Data daí a primeira relação de Quissamã com a Igreja.



Posteriormente, a capela foi transferida, em 1732, para Capivary, sendo para ela transportadas as imagens e alfaias do templo do Furado.



Elevada à Freguesia em 1749 e à classe de Igreja 


A Igreja Matriz de1924 atualmente


Paroquial Perpétua em 1755. Em 1794, com o prédio já em ruínas, foi realizada sua primeira festa, quando, então, a Matriz foi transferida, provisoriamente, para Mato de Pipa.



Durante uma enfermidade, com princípio de paralisia, o Brigadeiro José Caetano fez a promessa de construir um grande templo em louvor a N.S. do Desterro, que cumpriu ao retornar a Quissamã: "trouxe para dirigir as obras um pedreiro de nomeado pela Corte, Mestre Alexandrinho.



A pedra fundamental foi lançada em 1805. No ano de 1815 foram transladadas, em grande procissão, para o novo prédio na Freguesia, as imagens de N. Senhora, S. José e do Menino Jesus.



Considerando-se o prédio de 1815 acanhado, em 1921, decidiu-se pela construção, no mesmo local, de outro maior, compatível com sua crescente comunidade. A inauguração do atual prédio deu-se com grandes festas em 27 e 28 de junho de 1924.



Desde 1902 até 1994 a matriz vinha sendo administrada pelos padres Franciscanos.

Atualmente a paróquia é administrada pelo clero secular.



Existem no Município outras confissões religiosas... entre outras, a Igreja Batista e a Assembléia de Deus com seus templos no centro de Quissamã e em localidades do interior.



Baseado na literatura existente e nos registros da Paróquia e na tradição oral, o "Projeto Quissamã Memória Viva" (E.C.J.C.B.) pôde elaborar um catálogo completo dos capelões curados e dos párocos de nossa igreja desde 1694 até os nossos dias, num período de 304 anos.



A macumba/umbanda é também uma das alternativas religiosas que se apresenta à população de Quissamã. A crença, em seu tido amplo, é partilhada pelo conjunto da população, pois mesmo os não adeptos, ao temê-la, terminam por confirmar a crença na existência e na interferência dos espíritos no comportamento humano.



Em Quissamã, os terreiros espalham-se pela freguesia e seus arredores, nos bairros rurais e pequenos aglomerados de casas acompanhando ou não as sedes das fazendas.



Centro Administrativo Municipal (1870)


Este patrimônio abriga hoje o Centro Administrativo da Prefeitura de Quissamã

O prédio construído por herdeiros do I Visconde de Araruama, foi inaugurado em 1870 e nele passou a funcionar, inicialmente, uma escola para os meninos descendentes do Visconde. Naquela época as mulheres não precisavam estudar.



Algum tempo depois o prédio foi cedido ao governo que nele instalou uma Escola Pública.



Em 1903 com a vinda dos Franciscanos, acomodou-se no prédio a residência franciscana que recebeu o nome de convento N. Sra. dos Anjos, em alusão ao convento do mesmo nome, sediado em Cabo Frio, do qual foi padroeiro o Capitão José de Barcelos Machado, fundador do Morgado de Capivary, Furado e Quissamã.


O Capitão legou em testamento, até a extinção do Morgado em 1852, a doação anual de 35 bois de suas fazendas para o sustento daquele Convento. (Abel Beranger em Dados Históricos de Cabo Frio).



Simultaneamente no mesmo prédio funcionava a Escola Pública que em 1911 chegou a receber de 80 a 90 alunos.



Com a construção do novo convento ao lado da Matriz, em 1928, as freiras franciscanas passaram a ocupar o convento.



A partir daí o Colégio passou a receber também as meninas que desde 1912 estudavam com as freiras, algumas internas, as semi-internas e as externas.



As meninas recebiam, além do curso regular (1ª a 4ª série), aulas de bordado, pintura e música, lá havia, inclusive, um piano onde as meninas praticavam seus dotes artísticos.



Em 1949, quando as franciscanas deixaram Quissamã, o colégio passou a ser administrado pelas Irmãs da Divina Providência que mantiveram o padrão do colégio até 1972, quando também deixaram a cidade.



Nesta época já não havia sentido a manutenção do Colégio das Freiras, pois estavam em atividade Escolas Públicas melhor aparelhadas.



Com a saída das irmãs, passou a funcionar no convento a "Casa de Formação N. Sra. dos Anjos", onde realizavam-se reuniões religiosas, cursilhos, encontros de jovens e de casais, etc.



Após permuta efetivada em 1991 entre a Prefeitura e a Diocese de Nova Friburgo, detentora do prédio, este passou a sediar provisoriamente secretarias municipais e órgãos do Estado.



Em abril de 1993, iniciaram-se as obras de construção do primeiro prédio funcional, projetado pelo arquiteto José Francisco de Almeida Pereira, para abrigar a crescente estrutura administrativa do município.



Após a inauguração dos prédios anexos e integrantes do Centro Administrativo Municipal, em 17 de março de 1994, neles foram instaladas todas as Secretarias e, provisoriamente, o Gabinete do Prefeito e suas Assessorias.



O prédio do antigo Convento entrou em obras de recuperação e adaptação às novas funções que foram concluídas em fins de 1994, quando, então, neste prédio foram instalados o Gabinete do Prefeito e do Vice, com suas assessorias e mais a Secretaria de Fazenda. Nos prédios anexos permaneceram as Secretarias de Educação e Cultura, Saúde, Agricultura e Turismo e Esportes no Bloco A; Obras e Administração ocupam o Bloco B.



Finalmente após a execução dos serviços de paisagismo, substituição dos altos muros por grades de ferro, está concluído e em pleno funcionamento, o Centro Administrativo de Quissamã, inaugurado a 15 de fevereiro de 1995 pelo Prefeito Arnaldo Mattoso.



Do antigo convento foram mantidos, além da construção em si, dois sinais de sua função religiosa: a antiga torre sineira e um afresco na entrada, onde se vê entre as ramagens de flores as iniciais entrelaçadas "AM" evocando com este Ave Maria a N. Sra, dos Anjos padroeira do antigo convento, que permanecerá abençoando e iluminando as decisões do Prefeito e de seus sucessores.



Roteiro dos Solares

 

Existem cerca de 20 solares em Quissamã, sendo a sua maioria do século passado. Alguns estão abertos aos turistas com visitas pré marcadas. Neles podemos sentir um pouco do clima de uma época quando o Ouro Verde (a cana de açúcar) era a mola propulsora da economia do Norte Fluminense. Destacamos abaixo alguns destes solares.



- Casa de Mato de Pipa (1777)
 

Em 1782 o casal Ana Francisca e Manoel Carneiro da Silva transferiu-se definitivamente para Mato de Pipa.

Deste casamento nasceram cinco filhos, e entre eles, em 1788, José, futuro Visconde de Araruama, grande colonizador da região.



Primeira casa de telhas contruída na região. Último remanescente de casa de residência ( construída no séc. XVIII ) de todo o Norte Fluminense.


Mato de Pipa é a casa mais antiga de Quissamã (1777)



De 1795 a 1815 o seu oratório funcionou como Matriz Provisória, guardando as imagens vindas de Capivary.



Em 1826, José Carneiro da Silva transfere-se com sua esposa e filhos para a Fazenda Quissamã. Ficam residindo em Mato de Pipa sua mãe e duas irmãs solteiras que herdam a fazenda em 1840.


A casa passa por diversos testamentos até pertencer aos herdeiros de Mariana Antônia de Almeida Pereira, atuais detentores da propriedade.



Hoje, a Casa de Mato de Pipa é administrada por uma associação criada para preservá-la, a AMAP. A casa recebe sempre a visita de turistas e pessoas da comunidade. Todo ano é feita uma festa junina com o objetivo de angariar fundos para a sua manutenção e divulgar a história da casa.



- Casa de Quissamã (1826)


Em 1826, com a construção do solar, nele vão residir José Carneiro da Silva e sua família. A casa é semelhante, no seu aspecto, a de Mato de Pipa, pois na época possuía apenas seu corpo central.



Em 1842 é levantado o torreão. Já em 1861, estava construído o primeiro sobrado, o da direita, como pode ser visto na gravura de Victor Frond.



Mais tarde foi construído o outro sobrado, à esquerda, ambos demolidos em meados do século XX.


Naquela época possuía vastas salas, salão de banquetes, 48 quartos, e uma infinidade de outras dependências. A casa necessitava ter tantos quartos, em função do hábito do Visconde de reunir sua vasta descendência para as festas de fim de ano.



Foram visitantes ilustres deste palacete: o Imperador Pedro II e a Imperatriz Tereza Cristina, a Princesa Isabel, o Conde D'Eu, o Duque de Caxias, o Conselheiro Euzébio de Queiróz, Aureliano Coutinho, presidente da Província do Rio de Janeiro, entre outros. O viajante francês Charles Ribeyrollles, documentou sua visita no livro "Brasil Pitoresco" com gravura de Victor Frond. 



Por testamento a casa passa a José Caetano, Visconde de Quissamã, filho do Visconde de Araruama, e depois aos herdeiros daquele. A casa hoje pertence à Prefeitura de Quissamã e está sendo restaurada com recursos do município. No seu entorno será construído o Parque Municipal



- Machadinha (Em ruínas)


Em 1867 é inaugurado o solar que incorporou a antiga casa como dependências de serviços. Nela foi residir Manoel Carneiro da Silva, Visconde de Ururay, filho do Visconde de Araruama.



Sua esposa, Ana do Loreto, era filha do Duque de Caxias.



Os móveis, louças e cristais, utilizados pela família, foram todos importados da Europa.

Hoje é propriedade da Cia. Engenho Central de Quissaman, fazem parte de um conjunto arquitetônico, a capela em louvor à Nossa Senhora do Patrocínio, construída em 1833 e o espetacular conjunto de antigas senzalas, hoje adaptadas para a residência dos colonos da fazenda.



- Solar da Mandiqüera (1875)


Construído por Bento Carneiro da Silva, Conde de Araruama, filho do Visconde de Araruama e casado com Rachel Francisca, filha do Barão e da Viscondesa de Muriaé.



Casa de fino acabamento. Permanece fechada desde 1964. Seus atuais proprietários residem na Casa Santa Rachel que faz parte do conjunto arquitetônico e foi construída para hospedar os técnicos que construíram a Mandíqüera e depois a Usina.


Ainda compõem o conjunto, parte das antigas senzalas e um prédio do engenho da fazenda, onde funciona a Fábrica de Doces Fios de Ouro. Desmembramentos da Fazenda Mandiquera, resultaram as atuais fazendas de Santa Rachel, São José, Trindade, São Manoel, parte de Boa Esperança e as terras da Usina.



- Santa Francisca ( 1852)


A casa foi construída por Ignácio Silveira da Motta, o Barão de Vila Franca, casado com Francisca Antônia Carneiro da Silva, filha do Visconde de Araruama, em 1852. Ignácio foi presidente da província do Rio de janeiro e de mais dois estados brasileiros. Foi condecorado em Niterói por ter levado rede de água para aquela cidade.



Encontra-se hoje em ótimo estado de conservação e pertence aos descendentes da Baronesa de Vila Franca. Nos seus jardins, árvores centenárias ainda guardam o mesmo paisagismo da época de sua construção e todo mês de junho é realizado a festa de Santo Antônio, o padroeiro da fazenda, havendo a procissão que passa pelas antigas senzalas, hoje casa de colonos, que se encontram também em ótimo estado de conservação.



- Cia Engenho Central de Quissaman (1877)



Engenho Central deQuissamã foi o 1º da América Latina (1877) Inaugurado em 12 de setembro de 1877, foi o primeiro Engenho Central, em forma de cooperativa, estabelecido no Brasil e na América do Sul.



Seu maquinário foi todo importado e montado pela Cia. de Fives Lille que construiu ramal ferroviário próprio que ligava as fazendas ao ramal da Leopoldina Railway, em Conde de Araruama.



O conjunto era constituído por edifícios que formavam uma grande praça. O prédio da oficina possuía um relógio que hoje está na torre da Matriz.

Foram seus fundadores os grandes fazendeiros da região, que desativaram seus engenheiros particulares. Entre eles, João José Carneiro da Silva, Barão de Monte Cedro, grande incentivador da criação dos engenhos centrais no país.



O que sente o quissamaense por QUISSAMÃ



Quissamã, terra em que ainda se encontra o mel, conheceu o seu esplendor na segunda metade do séc. XIX, com o seu crescimento político. Foi neste período que surgiram as grandes casas Senhoriais, arquitetura francesa e alemã, simbolizando o nascimento escravista açucareiro na região.



Para saber o que é Quissamã, é preciso perder-se nela. É preciso sair procurando identificar todos os seus aspectos do meio ambiente que a caracterizam.



Quem visita Quissamã tem a impressão de um pequeno mundo isolado. O seu passado continua vivo lembrando as antigas sociedades dos engenhos e dos barões. Suas Palmeiras Imperiais indicando as fazendas, sua história e seus "causos" são lembranças de um tempo, de fatos ocorridos em um lugar que você gostará de conhecer.

 
Referencia:

Prefeitura Municipal de Quissamã

Quissamã


Diversidade de roteiros


A diversidade de roteiros é uma marca da cidade de Quissamã. Os que gostam de turismo ecológico podem se aventurar em passeios de barco, que oferecem diversos trajetos. Para os que gostam de história, cultura, a agência local organiza visitas guiadas aos casarões históricos do ciclo da cana-de-açúcar, espaços de cultura e ao Museu Casa de Quissamã. Há, ainda, praias encravadas num santuário ecológico, que é o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Em cada ponto, roteiros com sabores diferentes, vale conferir.
Divulgação
Imagem tirada de cima da Praia de João Fancisco.
Praia de João Francisco.

Raízes do Sabor
 


Mas Quissamã, além de tudo, tem um projeto muito interessante, chamado Raízes do Sabor, que resgata a culinária afro-descendente usada nas senzalas das antigas fazendas de cana-de-açúcar. O projeto é desenvolvido com os descendentes de escravos da Fazenda Machadinha, construída no século XIX, que continuam vivendo nas antigas senzalas.


As receitas estavam na cabeça de Carlos do Patrocínio, o seu Carlinhos, que as aprendeu com o avô, último cozinheiro da fazenda. Darlene Monteiro, gerente executiva da ONG Harmonia, Homem e Habitat, com o apoio da Prefeitura de Quissamã, resgatou os pratos e, hoje, uma visita guiada à fazenda permitirá que o turista conheça o “mulato velho”, uma feijoada especial, feita com filé de peixe salgado e pedaços de abóbora; a sopa de leite (carne-seca assada coberta com pirão de leite); o “capitão de feijão”, bolinho de feijão temperado; tapioca com sassá, um tipo de peixe pequeno; o “bolo falso” (farinha de mandioca, queijo, ovos, coco, manteiga e leite); e a sanema, doce feito com mandioca, ovos, coco e manteiga batida. A massa é enrolada e assada dentro da folha verde da bananeira.
Chico Junior
Imagem do seu Carlinhos e da Dona Gerusa.
Seu Carlinhos e a esposa, dona Gerusa
As histórias são muitas, como a do “capitão de feijão”, bolinho de feijão temperado e que dispensa acompanhamentos. Dá para comer com a mão. Reza a lenda que a cozinheira, propositalmente, colocava mais feijão no fogo do que o necessário para a casa-grande e ainda metia muita carne, porque a família gostava era de “feijão gordo”. Como não havia geladeira, as sobras eram mandadas para as senzalas. A escrava acrescentava água e farinha para engrossar e fazer uma espécie de pirão. Desse pirão, ela moldava os bolinhos e alimentava as crianças enquanto cantava canções em iorubá.
Chico Junior
Imagem de um cesta com feijões.
Capitão de feijão 
As narrativas continuam e chegam às sobremesas. O “bolo falso” não tem esse nome por acaso. Num belo dia, a sinhá, grávida, teve um louco desejo de comer bolo de aipim. Mas não era época de “ranca”, como era chamada a colheita, e o cozinheiro teve de se virar com o que tinha. Inventou o bolo de farinha de mandioca e adicionou queijo, ovos, coco, manteiga e leite. Se a sinhá desconfiou não se sabe, mas ficou tão bom que a receita tornou-se definitiva.
Chico Junior
Imagem de uma moça segurando um bolo na janela.
O bolo falso
Já a sanema, doce feito também da farinha de mandioca, seria a receita mais miscigenada, com ingredientes europeus, como o cravo da Índia, e indígenas, como a própria mandioca e a folha de bananeira. Os africanos fizeram a saborosa mescla agregando ovos, coco e manteiga batida. A mistura é enrolada e assada dentro da folha verde. O resultado é um doce suave numa massa densa e macia.
imagem sanema
Sanema
O conjunto da Fazenda Machadinha é composto pelas ruínas do solar construído pelo Visconde de Ururaí em 1867, a Capela de Nossa Senhora do Patrocínio (1833) e dois blocos de senzala. Quem a construiu foi o visconde, mas quem perseverou foram os escravos. Seus descendentes continuam vivendo na antiga senzala, toda reformada pela prefeitura, que mantém a estrutura original e, hoje, é o lar da comunidade.



Recentemente incorporou-se à Fazenda a Casa de Artes Machadinha, com um restaurante onde podem ser saboreadas as delícias ali produzidas, um local para apresentações de dança e música e uma lojinha com o artesanato produzido na região.
Chico Junior
Imagem de uma das salas da casa da arte.
O restaurante da Casa de Artes

Ciclo do Açúcar




A herança gastronômica, cultural e histórica de Quissamã vem das antigas fazendas de cana-de-açúcar. Foi no período do ciclo açucareiro que o município viveu seus dias de esplendor – época de escravidão, viscondes e duquesas. Muitas construções estão bem preservadas e vale programar um tour pelas antigas casas-grandes. São mais de vinte, destacando-se a Casa de Mato de Pipa, de 1777; Fazenda Santa Francisca, de 1852; o Solar da Mandiqüera, 1875; Fazenda São Manoel, de 1886; Fazenda Floresta, de 1893; e o Museu Casa de Quissamã, de 1826, que pertenceu ao Visconde de Quissamã. Restaurada pela Prefeitura, ali funciona o principal espaço cultural da cidade.
imagem santa francisca
Fazenda Santa Francisca, de 1852, um dos símbolos do ciclo açucareiro na região.
imagem casa de quissamã
Na Casa de Quissamã, de 1826, que pertenceu ao Visconde de Quissamã, funciona o principal espaço cultural da cidade.

Roteiros

Passeio de barco no canal Campos-Macaé
Passeio de barco no canal Campos-Macaé.
De barco pode-se atravessar a Lagoa Feia, que de feia só tem o nome, e adentrar o Canal das Flechas chegando à Barra do Furado, pequena vila de pescadores situada no litoral norte de Quissamã. O canal forma uma barra permanente com o mar. Conhecida pelos moradores locais como Barrinha, é um ótimo local para banho.

O único parque nacional de restinga do mundo, o Jurubatiba abrange os municípios de Quissamã, Macaé e Carapebus, sendo 65% em Quissamã; é um dos atrativos mais interessantes da cidade. Apesar da entrada ainda não estar liberada pelo Ibama, o turista pode seguir até os bolsões encravados no parque e apreciar a riqueza da fauna e da flora nativa de rara biodiversidade. A Praia de João Francisco localiza-se em um desses bolsões, cercada pela natureza exuberante do parque. A praia fica a 14 km do Centro de Quissamã. Com estrada bem sinalizada e de fácil acesso, quiosques a beira-mar, banheiros públicos, eventos esportivos e culturais durante o verão, a praia tem a infra-estrutura necessária para o turista curtir a beleza selvagem do local.



Depois da aventura, a grande pedida é apreciar o maravilhoso robalo preparado com todo carinho pela tia Liete, que também faz a moqueca mais famosa da região. Como entrada, a dica é a porção de pitu, temperado com azeite e alho. Para quem gosta, a cachaça de camboim ou de salsinha são boas pedidas. Estas ervas nativas da restinga quissamaense deixam a cachaça com o sabor suave; no linguajar dos moradores tiram a "maldade" da cachaça.



Pastel de marisco




Quem visita João Francisco não pode deixar de experimentar o pastel de marisco oferecido pelos bares e quiosques da praia. Para quem não sabe, esse marisco, também conhecido como sarnambi, é um molusco encontrado em praias onde a poluição ainda não aportou. De formato triangular, o marisco pode ser comido simplesmente cozido, mas em João Francisco os donos de bares e quiosques elaboraram receitas que merecem destaque na gastronomia da região.
imagem dona marta com pastéis
Dona Marta
Dona Marta explica que é preciso alguns cuidados para fazer a iguaria. "Primeiro é preciso limpar bem, tirando a parte pretinha do marisco; depois, lavar em água corrente para tirar toda a areia. Dá muito trabalho." Depois de limpo, refoga-se o marisco com pimentão, tomate, cebola, coentro e sal. Está pronto o recheio do pastel que tem fama de ser afrodisíaco na região. Ela diz que é bom acrescentar um pouco de água do mar para o marisco ficar com mais gosto. O marisco é também utilizado em moquequinhas e risotos deliciosos feitos pela dona Marta, mas também encontrados em outros quiosques, como o do seu Darcy e no Restaurante do Maia.
imagem pastéis e bolinhos
O pastel de marisco e o bolinho de arraia da Dona Marta são famosos na cidade.
Para conseguir o marisco, dona Marta conta com pescadores locais que fornecem a iguaria para toda a orla e chegam fresquinhos para o consumo do visitante. Outra especialidade da casa é o bolinho de arraia, peixe que existe em grande quantidade no litoral Norte Fluminense. Dona Marta se especializou em fazer o bolinho do peixe, que se tornou o petisco mais pedido do seu quiosque. "Depois de limparmos a arraia temos que fermentar para tirar a pele. Desfiamos o peixe, misturamos com um pouco de aipim e fritamos", diz a mestre-cuca. Para atender a clientela, dona Marta abre o seu estabelecimento todos os dias às 6h da manhã e só fecha quando o último cliente for embora, o que normalmente, fora do verão, acontece por volta de meia-noite.

Doces


Quissamã guarda preciosos patrimônios históricos que através de sua arquitetura narram o ciclo da cana-de-açúcar. Da arquitetura simples e colonial do Mato de Pipa, representante única do século XVIII na região, passando pela Casa Quissamã, hoje transformada em museu, e pela imponente São Manoel, o visitante pode fazer uma verdadeira viagem através do tempo. E uma viagem, para ser completa, precisa de beleza, cheiro e sabor. Como não podia deixar de ser, os sabores mais marcantes dos solares do ciclo da cana-de-açúcar são os seus doces. Eles podem ser apreciados mediante visitas pré-marcadas aos solares, mas também em alguns restaurantes como o Requinte, que oferece um dos quindins mais maravilhosos da região. Feitos com ovos exclusivamente caipiras, o doce foi tão apreciado pelo cantor Ed Motta que, durante um show em Quissamã, subiu ao palco de amarelo em homenagem ao quindim.



O museu tem sido o ponto alto do turismo em Quissamã. Foi restaurado pela prefeitura, que, além de recuperar o solar, adquiriu móveis e quadros do século XIX, pertencentes a familiares do Visconde de Araruama. Está aberto de quinta a domingo. Após a visita, onde guias contam a história dos barões do açúcar, hábitos e costumes da época áurea da cana-de-açúcar, o visitante pode relaxar no Bistrô da Viscondessa, um café anexo à construção de 1826.



O destaque do bistrô fica por conta do pastel de nata, doce típico português, cuja receita foi passada durante séculos pelas sinhazinhas e hoje é mantido por dona Carmem Queirós Mattoso. A grande discussão é qual o melhor pastel de nata, pois através dos tempos as receitas foram se modificando e, segundo dona Carmem, é preciso muita sensibilidade para fazer. "Minha mãe aprendeu a fazer o doce com a sogra, conhecida como Catita, mas nunca deixava eu fazer. Eu ficava apenas olhando. Para acertar na receita, tive que treinar durante alguns anos. Todas as sextas-feiras eu fazia o pastel de nata e meus irmãos, irmãs e primas, diziam: “Está melhorando mas não é igual ao da mamãe.” “Um belo dia saiu bom", explica, ela que faz o doce sob encomenda e fornece para o bistrô.



Um dos grandes segredos é a massa, que para ficar folhada tem que ser aberta e finíssima. “Ao se abrir a massa do pastel de nata ela tem que estar tão fina que se possa ler um poema de amor através dela”. Dona Carmem tem outra "técnica": é preciso ver as ranhuras do mármore cinza, herdado da avó, através da massa.


Depois de abrir a massa, deve-se passar um pouco de gordura animal e farinha de trigo;  logo após, enrolar em cilindros, embrulhar em plástico ou papel filme e colocar na geladeira. Antigamente se enrolava a massa em folhas de bananeira, para conservar até o dia seguinte. O doce era obrigatório nas grandes festas de Quissamã, como os casamentos. Os mais famosos eram os da Mato de Pipa e os da Fazenda do Melo, curiosamente as duas fazendas mais antigas de Quissamã.



O creme é outro passo importante. Dona Carmem usa nata fresca, açúcar, gemas, água e baunilha. Outra versão utiliza nata, leite, açúcar, gemas e raspas de limão.



No bistrô encontramos ainda quindim, tartine de frutas, torta de limão e biscoitos finos caseiros. Aberto de quinta a domingo, no horário do museu. A dona do bistrô, Denise Fontenelle, abre exceção às quintas e sextas, ficando aberta para aqueles que quiserem apreciar as belíssimas palmeiras imperiais sob o céu estrelado

Endereços e telefones
Agência Q’Solmar (receptivo)
Tel: (22) 2768-2925 / 7248
Dona Liete
Av. Atlântica, s/n.º – Barra do Furado
Dona Marta
Av. Atlântica, s/n.º – Praia de João Francisco
Fazenda Machadinha
As visitas devem ser marcadas via Departamento de Turismo da Prefeitura.
Tel: 2768-9300 R. 9315 / 9380, www.quissama.rj.gov.br ou Agência Q’Sol Mar: (22) 2768-7248
Museu Casa Quissamã e Bistrô da Viscondessa
RJ-178, s/n.º – Centro. Tel: (22) 2768-1332
Requinte Bar
R. Conde de Araruama s/n.º – Centro. Tel: (22) 2768-1046
Quiosque do Darcy
Av. Atlântica, s/n.º – Praia de João Francisco. Tel: (22) 8114-7032

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