quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MUDANÇA DE COMANDO NA PM DO RJ




Secretário de segurança anuncia o novo comandante-geral da PM (Foto: Fabiano Rocha / Extra / Agência O Globo)
MUDANÇAS NA
 PM 
DO RJ 

 O coronel Erir Ribeiro da Costa Filho é o novo comandante da Polícia Militar. A decisão foi tomada na tarde desta quinta-feira, durante uma reunião entre o secretário de Segurança Pública , José Mariano Beltrame, subsecretários e assessores diretos para escolher o sucessor do coronel Mário Sérgio Duarte, que deixou o cargo na noite desta quarta-feira . A coronel Kátia Boaventura foi escolhida chefe de gabinete e o coronel Alberto Pinheiro Neto será o chefe do Estado Maior Operacional, no lugar do coronel Álvaro Garcia, que exercia interinamente o comando da corporação.

Durante a coletiva de apresentação do novo comandante geral da PM, o secretário de Segurança afirmou que a prisão do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, acusado de mandar matar a juíza Patrícia Acioli , não desestabiliza a política de segurança do estado. Beltrame ressaltou que a investigação que levou à prisão do oficial foi feita pelas forças de segurança do estado.
- Em primeiro lugar, é a polícia do Rio de Janeiro que está investigando, levantando e prendendo, sejam policiais civis, PMs, delegados ou comandantes. Melhor seria que não houvesse esse tipo de situação, mas é importante que ações sejam feitas sem recuo, pois só assim se consegue legitimidade junto à opinião pública. Legitimidade se conquista cortando a própria carne. É um fato triste, mas tem que ser feito - disse o secretário, que acrescentou ainda que os currículos das academias das polícias Civil e Militar vão passar por mudanças:
- Haverá mudança na formação dos policiais, na grade curricular etc. Isso será apresentado às duas corporações em janeiro e implantado em até três meses.

Beltrame aproveitou a coletiva para desabafar sobre o caso:

Estou sem dormir desde domingo. Nada mais me surpreende nesse trabalho
- Estou sem dormir desde domingo. Nada mais me surpreende nesse trabalho. Sei do tamanho de minha responsabilidade. Se eu quisesse, poderia esconder a cabeça embaixo da mesa, mas não é do meu perfil. Problemas, perdas e ganhos fazem parte de meu trabalho. Vida que segue, pois há muito a ser feito - disse Beltrame, em entrevista coletiva na qual apresentou o novo comando da Polícia Militar.

Perguntado sobre sinais incompatíveis de riqueza exibidos por policiais, Beltrame disse que já mandou à Procuradoria Geral do Estado uma proposta para que a secretaria possa exigir dos policiais a apresentação de declaração de bens a cada ano.
Beltrame disse, ainda, que está em analise na Procuradoria Geral do Estado (PGE) o projeto para que a policia investigue os policiais militares que apresentam indícios de enriquecimento ilícito. Beltrame aguarda a resposta da PGE.

Já o novo comandante afirmou na coletiva que a corregedoria terá que adotar uma postura proativa para enfrentar as denúncias de corrupção que envolvem desde praças até comandantes de batalhões. Na avaliação dele, a formação acadêmica do policial não tem tanto peso no comportamento do PM.

- A formação nas academias não torna ninguém digno. Dignidade vem de berço, vem da pessoa. A corregedoria vai ter de ser proativa. Quem for pego, vai ser responsabilizado por seus atos.

Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, apresenta o coronel Erir Ribeiro Costa Filho como o novo comandante-geral da PM. Anúncio foi feito durante coletiva de imprensa, na tarde desta quinta-feira/ Foto: Gustavo Goulart - O Globo
Erir Ribeiro da Costa Filho deixou claro que não pretende transigir com a corrupção. Perguntado sobre que recado mandaria à tropa, ele foi incisivo:

- Aqueles que me conhecem vão perceber que os dignos vão ter apoio. Os outros... é a lei.

O novo comandante mandou também um recado ao Judiciário, pedindo que o Tribunal de Justiça e o Ministério Público dessem mais atenção às decisões administrativas da polícia, que, segundo ele, "conhece sua tropa".

- Quando um policial que erra é afastado, a Justiça o traz de volta à PM e ele erra novamente, a culpa não é da PM.

O governador Sérgio Cabral evitou falar sobre a crise na Polícia Militar nesta quinta-feira, durante o lançamento do Programa Renda Melhor Jovem. Cabral chegou ao Teatro Carlos Gomes, no Centro, por volta de 10h30m, e entrou no prédio pela porta lateral, evitando encontrar os jornalistas que o aguardavam na porta principal. Na saída, por volta de meio-dia, o governador deixou novamente o teatro pela porta lateral e não atendeu aos pedidos dos jornalistas para conceder uma entrevista.

O ex-comandante-geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, afirmou, na manhã desta quinta-feira, em entrevista à Bandnews FM, que seu pedido de exoneração, feito ontem à Secretaria de Segurança, nada mais foi do que o cumprimento de seu dever moral.
- Não há nenhuma outra alternativa do que assumir a minha responsabilidade pela escolha do comandante. Esse é um ato moral que me cabe, o papel do funcionário público. Essa é minha forma de dizer que minha proposta de ter uma PM com respeito ao cidadão deve envolver todos os escalões: o soldado que está na ponta e também os altos escalões, como a minha pessoa. Por isso, solicitei minha exoneração. Não gostaria de fazer isso, neste momento em que estou acamado e não posso vir a público, mas é meu dever moral - afirmou o coronel.

Mário Sérgio Duarte, que se recupera de uma cirugia na próstata, entregou seu pedido de exoneração ontem, dois dias depois da prisão do tenente-coronel Claudio Luis Oliveira. Sobre a escolha de nomear o tenente-coronel Cláudio - que responde a 12 processos administrativos - para o comando do 22º BPM (Maré), Mário Sérgio Duarte disse que sempre há risco de erros neste tipo de escolha:
- Por mais que tenhamos precaução na hora da escolha, nós pesamos todas as informações. Mas sempre vai haver uma possibilidade de erro na nossa escolha mesmo de policiais com a ficha completamente limpa. O coronel Claudio foi o terceiro comandante do Batalhão de São Gonçalo na minha gestão, e ele vinha obtendo redução dos índices de criminalidade. Mas o processo de escolha de comandantes é extremamente penoso. O que não pode depois é dizer: "eu não sei, eu não vi, eu fui traído". A responsabilidade é minha.

Em nota, a Secretaria de Segurança informou que Mário Sérgio enviou uma carta ao secretário José Mariano Beltrame reconhecendo "o equívoco" de ter nomeado o tenente-coronel Cláudio para o 7º BPM (São Gonçalo), o primeiro cargo de comando dado ao oficial, que está preso desde quarta-feira em Bangu 1 com outros sete PMs. Na carta com o pedido de exoneração, enviada a Beltrame pelo BlackBerry do hospital onde está internado, se recuperando de uma cirurgia na próstata, ele disse estar "ciente do desgaste institucional decorrente de sua escolha".
"Sobre o caso particular que me impõe esta decisão, o indiciamento do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira no homicídio da juíza Patrícia Acioli, e sua consequente prisão temporária, devo esclarecer à população do Estado do Rio de Janeiro que a escolha do seu nome, como o de cada um que comanda unidades da PM, não pode ser atribuída a nenhuma pessoa a não ser a mim", escreveu Mário Sérgio.

A exoneração, pedida, segundo a nota da secretaria, "em caráter irrevogável", aconteceu um dia depois de Beltrame ter afirmado, em entrevista coletiva, que Mário Sérgio gozava de sua "plena confiança". Ainda segundo o texto, o secretário lamentou a saída do oficial.

Perfil do coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, 
novo comandante-geral da Polícia Militar do 
Estado do Rio de Janeiro
O coronel Erir da Costa Filho chegou a ser exonerado em 2003, após acusar o deputado estadual Chiquinho da Mangueira (PMDB) de pedir uma trégua no combate ao tráfico de drogas na comunidade. Após quatro anos em funções administrativas, ele assumiu, em 2007, o comando do Batalhão de Choque. Em julho de 2009, passou para o 2º Comando de Policiamento de Área, na Zona Oeste.

Kátia Boaventura tem 28 anos de PM e comandava a Academia da Polícia Militar. Alberto Pinheiro Neto, de 47 anos, comandou o Batalhão de Operações Especiais (Bope) em 2007 e foi promovido a coronel em 2009. Em 2003, Erir Ribeiro ganhou o Prêmio Faz Diferença, do GLOBO, uma homenagem do jornal aos brasileiros que mais contribuíram, seja através de seu trabalho, de suas iniciativas ou de seu exemplo, para transformar o Brasil num país melhor.

Prêmio Faz Diferenca - Erir Ribeiro da Costa Filho. Foto de arquivo
Erir Ribeiro Costa Filho tem 54 anos, sendo 31 de serviços prestados à PM. Ele é natural do Rio de Janeiro, casado e tem dois filhos, segundo informações enviadas por meio de nota pela Secretaria de Segurança.

Atualmente, o coronel integra a equipe da Secretaria de Estado de Segurança, coordenando o Serviço de Atendimento de Emergência 190. Ele foi comandante do 14º BPM (Bangu), do 4º BPM (São Cristovão) e do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv); comandante interino do Batalhão de Choque, Diretor Geral de Apoio Logístico do Quartel General e Comandante do Segundo Comando de Policiamento de Área (2º CPA).

Segundo informações da secretaria, o comandante realizou cursos de informações e superior de Polícia Militar. Foi condecorado com as medalhas Distintivo Lealdade e Constancia (2000), Ordem do Mérito D. João VI (2006), Medalha Tiradentes (2003), Medalhas de 10 e 20 anos de efetivo serviço (2006), Medalha Ordem Mérito PM Grau Comendador (2008).

Perfil do coronel Pinheiro Neto, chefe do Estado Maior Operacional
O coronel tem 47 anos, sendo 26 voltados a serviços para a Polícia Militar. Ele foi comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de 2007 até 2009. A partir de 2009, ele passou a responder pela chefia da Coordenadoria de Assuntos Estratégicos e, desde fevereiro de 2011, também está no comando de Operações Especiais da corporação.

De acordo acordo com informações da secretaria, Pinheiro Neto teve participação na estratégia operacional da ocupação do Morro do Alemão, em 2010. Ele fez 22 cursos na área de Operações e Táticas Especiais.

Perfil da coronel Kátia Neri Nunes Boaventura, chefe de gabinete do comando-geral
A coronel tem 47 anos e está na corporação há 28 anos. Ela é casada e tem uma filha. Kátia foi chefe de gabinete do comandante-geral em 2007, comandante do 10º BPM (Barra do Piraí, em 2009), e, por fim, comandante da Academia D. João VI.

A Secretaria de Segurança anunciou que, pela corporação, ela fez os seguintes cursos: Polícia Judiciária Militar, Curso Superior de Polícia Militar, Formação de Tutores, Direitos Humanos, Gerenciamento de Crises, Sistema e Gestão em Segurança Pública. A coronel Kátia foi condecorada com o distintivo Medalha da Ordem do Mérito PM Grau Comendador.

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