terça-feira, 24 de março de 2015

Mercado de Ferro é devolvido à população totalmente revitalizado

Da Redação - Agência Belém de Notícias - 24/03/2015 09:59

  • / PATRIMÔNIO RESGATADO / 24/03/2015 09:59

    Reinauguração devolveu Mercado para mais de 70 vendedores de pescado e 27 lojistas


Os 62 peixeiros, 10 vendedores de caranguejo e 7 vendedores de camarão que atuam no Mercado de Ferro do Ver-o-Peso comemoram o espaço completamente revitalizado para trabalhar. A última etapa da reforma, iniciada em 2010, foi entregue no final da tarde desta segunda-feira, 23, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), com apoio da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Economia (Secon), que administra o Complexo.
Além dos vendedores de pescado 27 lojistas trabalham nas áreas interna e externa do Mercado, que recebe cerca de quatro mil pessoas por dia, público que costuma dobrar em datas comemorativas como a Semana Santa, o Círio e o Natal e que agora também vai contar com o patrimônio restaurado.
O projeto de recuperação do mercado foi realizado em duas etapas. A primeira fase foi concluída em janeiro de 2014, com a entrega de 15 lojas, um PM Box, metade da cobertura, quadro de energia, duas torres e trinta dos sessenta boxes dos peixeiros.
Nesta última etapa de obras os permissionários receberam os boxes restantes, novas instalações elétricas e hidrossanitárias, proteção contra descargas atmosféricas, circuito interno de TV, construção de câmaras frigoríficas, banheiros, adequação as normas de vigilância sanitária e reforma total da cobertura com redimensionamento de calhas e condutores.
Durante os trabalhos de recuperação os permissionários foram remanejados para outros espaços sem a necessidade interromper as vendas. A realocação foi realizada pela Secon com a colaboração do Sindicato dos Peixeiros de Belém, Associação do Mercado de Peixe e os representantes dos lojistas.
Fernando Souza, presidente do Sindicato dos Peixeiros de Belém, representou a categoria na reinauguração e se disse muito feliz com o resultado, principalmente porque participou de todas as reuniões com a Secon e o Iphan e acompanhou as etapas, desde a captação de recursos até a execução da reforma.
“Quando há a interação dos beneficiados com o poder público, os resultados sempre são positivos; por isso, o sucesso dessa reforma”, declarou o prefeito Zenaldo Coutinho, presente na entrega do mercado e que ressaltou a importância das reuniões com os permissionários, que tiverem a oportunidade de acompanhar e dar sugestões no andamento da obra.
Aproximadamente R$ 8 milhões foram investidos na revitalização do prédio, recursos do PAC Cidades Históricas, que prioriza obras de resgate do patrimônio histórico-cultural, como é o caso do Mercado de Ferro que integra o Complexo do Ver-o-Peso, considerado um dos mais importantes cartões postais de Belém.
Jurema Machado, presidente nacional do Iphan, veio à capital paraense especialmente para a entrega do Mercado de peixe aos permissionários e à população e confirmou que “a estrutura do local é como um pedaço da Europa mesclada à biodiversidade da Amazônia, que deve ser preservada e valorizada”.
O secretário de Economia, Fábio Moreira destacou a importância da conservação do espaço, que será prioridade da Prefeitura de Belém, mas que também deve partir dos próprios permissionários. “Cada canto foi recuperado com muito zelo e carinho, por isso, é importante que todos cooperem para a manutenção do espaço, seja feirante, lojista e é claro, a população que visita o local”, defendeu o secretário.
Com a entrega do Mercado de Ferro o próximo passo da Prefeitura de Belém é recuperação total do Complexo do Ver-o-Peso. Segundo o prefeito Zenaldo Coutinho, no próximo dia 10 de abril a empresa contratada pelo município deve entregar o projeto executivo da obra para início das licitações. A previsão é de que a reforma comece ainda este ano.
Histórico
Em 1847 foi iniciada a construção do Mercado de Peixe, autorizada pela lei municipal nº 173, de 30 de dezembro de 1897. A edificação foi projetada por Henrique La Rocque, com início no ano de 1899. 
Possui uma área de 1.197 m², na forma de um dodecágono, com base e armação metálicas de zinco veille-montaine e peso estimado de 1.133.389 toneladas, teve toda a estrutura de ferro trazida da Europa, com tendência francesa de art nouveau da Belle Epoque.
Internamente o mercado era destinado à venda de peixes, frutos, aves e farinha. Externamente era circundado por compartimentos para comercializar outros produtos e serviços.
Embora seja reconhecido como patrimônio histórico e síntese da história arquitetônica da cidade de Belém, o Mercado de Ferro passou por períodos de grandes reformas intercalados com abandono. A primeira, no ano de 1985, teve como objetivo firmar uma das torres que apresentava inclinação causada, provavelmente, pela inconsistência do terreno.
Seguiram-se a de 1989 e a de 1999. Esta última recuperou não só o Mercado, mas todo o complexo do Ver-o-Peso. Em 1977, todo o conjunto arquitetônico e paisagístico do Ver-o-Peso foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Considerado um dos pontos turísticos da cidade de Belém, o Mercado de Ferro, em 2008, ganhou o título, em concurso, de uma das Sete Maravilhas Brasileiras.
Texto: Roberta Corrêa
Foto: Uchôa Silva/Comus
Secretaria Municipal de Economia (SECON)

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