quarta-feira, 25 de março de 2015

Posted: 25 Mar 2015 06:00 AM PDT
Com informações da revista O Brasil Mudou
Quase metade dos brasileiros já foi atendida alguma vez em uma unidade de assistência social. Hoje, mais de 27 milhões de famílias – perto de 100 milhões de pessoas – estão registradas no Cadastro Único do Governo Federal. E o registro no Cadastro, porta de entrada para dezenas de programas sociais, é feito por um dos mais de 260 mil trabalhadores da rede pública que atuam no Sistema Único de Assistência Social (Suas) em todo o Brasil.
Assistentes sociais são os responsáveis por registrar os 27 milhões de famílias no Cadastro Único do governo federal, porta de entrada para programas sociais. Foto: Sérgio Amaral
Assistentes sociais são os responsáveis por registrar os 27 milhões de famílias no Cadastro Único do governo federal, porta de entrada para programas sociais. Foto: Sérgio Amaral
São profissionais diversos, assistentes sociais, psicólogos, advogados, auxiliares administrativos, educadores sociais, sociólogos e antropólogos (nas localidades onde há forte presença indígena). E, para todos eles, resiliência – a capacidade de lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – é palavra chave na rotina diária.
A assistente social Iara Maysa Gonçalves de Brito, 33 anos, vê seu trabalho como “uma profissão em que você se angustia, se envolve com as causas. Você se depara com situações muito difíceis”. Segundo ela, no começo da sua vida profissional, tinha insônia, sentia dores de cabeça fortíssimas pensando nas situações que vivenciara nas visitas e nos relatos das pessoas que a procuravam. “É uma profissão em que você se depara com negligência com idoso, com deficiente, com criança… Já senti vontade de chorar na frente do usuário”, conta ela.
Nascida em Itaporanga, no Vale do Piancó, sertão da Paraíba, ela trabalha nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Pedra Branca, município vizinho, e de Patos, a pouco mais de 100 quilômetros de sua casa. “Hoje já enfrento com mais maturidade, não levo para casa os problemas que a gente vivencia no dia a dia”, explica. “A gente atende 15, 20 pessoas por dia com problemas muito graves, que trazem relatos sofridos. Enquanto escuto, vou pensando em como elaborar um caminho para esta pessoa, para onde encaminhar.”
Iara Maysa sempre trabalhou em Cras. Foto: divulgação MDS
Iara Maysa sempre trabalhou em Cras. Foto: divulgação MDS
Formada em Serviço Social em 2003, ela sempre trabalhou em Cras. Em todo o país, são mais 7,5 mil unidades mantidas pelos governos federal, estaduais e municipais.
Hoje, o sucesso do Pronatec para o público do Brasil Sem Miséria, por exemplo, vem da intermediação que a assistência social faz para negociar os cursos e vagas necessárias com o empresariado local e mobilizar as pessoas para se inscreverem, participarem da qualificação e arrumar um emprego melhor.
“Ajudamos as pessoas a descobrir suas potencialidades. Até mesmo estudamos o que o município tem a oferecer, para que possamos dar palestras, fazer orientação, tudo a partir das próprias famílias”, conta Iara.
Criando exemplos
“Adoro trabalhar com o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, com as famílias. O retorno é muito bom. E vejo os resultados, especialmente, com os jovens. Quando o adolescente que fez um curso está empregado, para nós é um ganho muito grande”, conta Selma da Silva, desde 2002 assistente social do Cras de Jacupiranga, município paulista no Vale do Ribeira, a menos de 200 quilômetros da capital.
Selma da Silva coordena o Bolsa Família em Jacupiranga (SP). Foto: divulgação MDS
Selma da Silva coordena o Bolsa Família em Jacupiranga (SP). Foto: divulgação MDS
Hoje com 52 anos, ela começou a trabalhar na assistência social como voluntária da igreja em uma organização não governamental que cuidava de crianças com deficiência em Cubatão, cidade da Baixada Santista onde nasceu. Acabou contratada e se tornou secretária da entidade. Mas não podia tomar providências para ajudar as crianças e suas famílias por não ser assistente social.
Depois de fazer faculdade, Selma foi indicada para trabalhar na prefeitura de Iguape, também na região do Vale do Ribeira.
Entre 1998 e 2002, ela estruturou a assistência social em Iporanga, município vizinho. Hoje, coordena o programa Bolsa Família, o Renda Cidadã, do governo estadual, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e ainda faz reuniões periódicas com 54 mulheres.
A alegria constante estampada no rosto da assistente brilha ainda mais quando ela conta a importância do Cras no município. “Em uma cidade pequena, as pessoas procuram muito a assistência social, para todos os serviços: saúde, educação, liberar visitas para pessoas presas, documentação para auxílio reclusão. As pessoas sabem que têm os direitos, mas não sabem como fazer. Nós ouvimos e encaminhamos para outros departamentos, explicamos como elas devem proceder”, afirma. “E se eu não tiver empatia, se eu não me colocar no lugar do usuário, eu posso me aposentar. Temos que ser sensíveis às situações de cada uma das famílias, para entender e ajudar.”

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