terça-feira, 26 de julho de 2016

Projetos dão oportunidades de trabalho e ressocialização a internos do sistema penal  

Da Redação - Agência Belém de Notícias - 26/07/2016 18:36

  • / PARCERIA INCLUSIVA / 26/07/2016 18:36

    Beneficiados pelo projeto “Puxirum”, 50 internos da Colônia Penal Agrícola de Santa Izabeltrabalham na limpeza e manutenção de diversos canais em Belém.


Em busca de oportunidades para mudar de vida, detentos do sistema penitenciário estadual  encontraram no trabalho um incentivo a mais para deixar o passado para trás e construir uma nova história. Por meio de um convênio firmado entre a Prefeitura de Belém e a Superintendência do Sistema Penitenciário do Pará (Susipe) esta mudança está sendo possível com quatro projetos de ressocialização que já beneficiaram mais de 600 detentos.
Tudo começou em 2013. Com inspiração na palavra “Puxirum”, que em tupi-guarani significa "reunião de pessoas para trabalhar”, foi criado o projeto que atualmente beneficia 50 internos do regime semiaberto, custodiados na Colônia Penal Agrícola de Santa Izabel (CPASI), que trabalham na limpeza e manutenção de diversos canais da cidade de Belém.
O “Puxirum” é realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan). Do ano passado para cá, os internos trabalharam na limpeza de 15 canais e retiraram mais de mil toneladas de lixos e entulhos, em uma extensão de 33 quilômetros.
O projeto trouxe novas esperanças para Luciano Sales Costa, de 37 anos, que já cumpre pena há 16 anos e há seis meses vai trabalhar cheio de satisfação. “Deus me deu mais uma oportunidade com esse projeto e todos os dias venho trabalhar muito feliz, volto revigorado para a casa penal, acredito muito que essa experiência vai me ajudar muito a conseguir um emprego digno depois”, disse Luciano afirmando que hoje tem uma nova visão e tudo o que faz pensa na esposa Érica Cristina, de 34 anos, e na filha adolescente, Ana Carolina. “Quero poder dar bons exemplos para a minha filha e viver um novo recomeço de vida ao lado da minha família”, declara.
Mão de obra carcerária no meio ambiente
Outro projeto que tem mostrado novos caminhos para 32 internos dos regimes domiciliar e semiaberto, do Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB) e do Centro de Recuperação do Coqueiro, é o “ReplantACÃO”, realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). Nele, os detentos desenvolvem atividade laborativa de limpeza e manutenção do Jardim Zoobotânico Bosque Rodrigues Alves e da Divisão de Produção de Mudas da Granja Modelo.
No Bosque Rodrigues Alves, os internos aprendem a fazer a semeadura e o plantio de plantas, o preparo e a adubação da terra, a poda, a manutenção de lagos e limpeza das trilhas. E em meio à beleza de toda a flora  que o jardim zoobotânico abriga, o interno João Sousa, de 40 anos, sonha com um futuro promissor, no qual as falhas cometidas no passado estejam sanadas.
“É muito bom trabalhar aqui, perto da natureza, me faz valorizar tudo de bom que a vida tem a oferecer aqui fora. Trabalhar nesse projeto me faz ter vontade de continuar batalhando para um dia poder usufruir de tudo isso sem dívidas com a sociedade e buscar novos caminhos pra minha vida”, contou João.
Preso há 10 anos, João logo percebeu que queria uma vida diferente e, mesmo cumprindo sua pena, procurou aproveitar as boas oportunidades que lhe surgiram. Uma delas foi de retomar os estudos, que ele levou tão a sério que chegou a alcançar o primeiro lugar na turma.
“No início senti muita dificuldade, mas não desisti, com a ajuda dos professores já estou concluindo o ensino médio e agora meu próximo projeto é fazer vestibular e, com a ajuda de Deus, conseguir entrar numa faculdade de Direito”, planeja João, que é um dos cinco detentos entre os 48 que haviam decidido voltar para a escola, que persistiu e agora dá mais um passo importante para ingressar no mercado de trabalho.
A parceria com a Semma também mantém o projeto “Bem na Praça”, no qual os detentos trabalham na limpeza e paisagismo de praças e canteiros de Belém. São 50 internos do regime semiaberto que fazem esta atividade, sendo 30 custodiados no Centro de Progressão Penitenciária de Belém (CPPB) e 20 no Centro de Reeducação Feminino (CRF).
Outro projeto criado a partir do convênio da Susipe com a PMB é o “Perfecta”, desenvolvido com a Secretaria Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel). O “Perfecta” favorece seis internos do regime semiaberto e domiciliar, que fazem trabalho de manutenção, serviços gerais, logística de materiais e apoio nas atividades externas da Sejel.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Derick Martins, ressalta que para Prefeitura de Belém é de grande relevância poder contribuir com iniciativas como essas que têm um significado social bastante amplo. “Além de ser uma mão de obra que nos ajuda a manter os espaços públicos limpos e bem tratados, são atividades em que estes detentos podem ver os resultados do seu trabalho, desenvolvendo habilidades e conhecimentos que vão colaborar para a reinserção dessas pessoas no mercado produtivo”, destacou.
Derick Martins anunciou ainda que está previsto para o mês de agosto o início de mais um projeto em parceria com a Susipe para a produção de mobiliário urbano. “No Centro de Recuperação do Coqueiro e na Penitenciária Estadual Metropolitana 1, onde existem marcenarias, os internos irão produzir bancos e lixeiras para a revitalização de diversas praças em Belém”, completou o secretário.
Auxílio financeiro que estimula e  ajuda as famílias
Todos os reeducandos envolvidos nos projetos da Prefeitura de Belém com a Susipe têm direitos garantidos pela Lei de Execução Penal (LEP). Eles recebem remuneração de ¾ do salário mínimo, contribuição previdenciária de 11%, mais auxílio-alimentação e vale-transporte. O trabalho também é convertido em remissão de pena, a cada três dias trabalhados é um dia a menos no cárcere.
Para a coordenadora de Trabalho e Produção da Susipe, Izabel Ponçadilha, dar aos apenados a oportunidade de recomeçar a vida com dignidade é fundamental. “É uma maneira de elevar a autoestima destes homens e mulheres e fazê-los encontrar no trabalho um outro sentido para a vida deles. Em muitos casos, este é o primeiro contato deles com uma atividade laboral, então exercendo um ofício, eles se sentem úteis, por contribuir para melhorias na cidade e também por poderem ajudar financeiramente suas famílias”, conclui Izabel.

Texto: Lilianne Villacorta
Foto: Eliza Forte / Uchôa Silva/Comus
Coordenadoria de Comunicação Social (COMUS)

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