sexta-feira, 25 de novembro de 2011

DESASTRE ECOLÓGICO NA BACIA DE CAMPOS:

Macaé teme prejuízos

 na pesca por causa do

vazamento de óleo

Leonardo Berenger
Cerca de 15 mil famílias podem ser prejudicadas
Cerca de 15 mil famílias de Macaé, no norte fluminense, podem ser prejudicadas pelas consequências do vazamento de óleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos. A estimativa é do subsecretário de Pesca do município, José Carlos Bento.

Segundo ele, na cidade, vivem cerca de 1.200 pescadores que dependem diretamente da atividade para seu sustento, além de outros profissionais, como pequenos comerciantes de pescado, que também temem prejuízos. A origem do derramamento está a 130 quilômetros de Macaé.

“Os pescadores que trabalham em alto-mar, mais longe da costa, vão ter prejuízos maiores. Mas os que ficam por perto também correm sérios riscos porque, além da contaminação do peixe, se os resíduos chegarem às praias, os materiais de pesca, como redes, serão danificados. Com a possível paralisação da atividade na região, os prejuízos vão atingir toda a cadeia produtiva, até o pequeno comerciante que vai de bicicleta vender o pescado nas comunidades”, avaliou.

O secretário acrescentou que muitos atravessadores – profissionais que compram o produto diretamente dos pescadores e o revendem nos centros comerciais – estão deixando de negociar em Macaé pelo “efeito psicológico” que o vazamento de óleo tem provocado nos consumidores.

“Embora os estoques estejam intactos porque foram pescados antes do vazamento, muita gente fica com medo e não quer o peixe procedente dessa região. Isso só faz as perdas serem ainda maiores”, lamentou.

Segundo José Carlos Bento, a prefeitura estuda a possibilidade de cobrar uma indenização da petroleira Chevron, responsável pelo acidente. Ele também informou que a administração municipal elabora um documento que pretende enviar ao Congresso Nacional, no próximo mês, pedindo atenção especial às perdas dos pescadores. São produzidas em Macaé, por mês, cerca de 500 toneladas de pescado, como atum, dourado, pescadinhas, caçãozinho, entre outros.

Marcelo Pereira, presidente da Colônia de Pescadores Z3, localizada no município, disse que ainda não é possível avaliar o impacto sobre a atividade porque a maior parte das embarcações de grande porte, que atuam nas áreas próximas ao local do vazamento, ainda não retornou ao continente. Ele disse, no entanto, que acompanha os desdobramentos “com apreensão”. “Só vamos saber mesmo quando eles voltarem, mas estamos com muito medo do piche chegar à costa porque vai prejudicar muito a classe pesqueira”, disse.

Outro risco que vem assustando ambientalistas é o de o óleo vazado atingir as baleias jubarte, que, nesta época do ano, usam a região onde se formou a mancha como rota migratória, após o período de reprodução. A presidenta do Instituto Baleia Jubarte, dedicado à preservação da espécie, Márcia Engel, disse que ainda não foi verificada a contaminação de nenhum desses animais em função do episódio na Bacia de Campos, mas ressaltou que ainda existe o risco. “Estamos acompanhando a situação, que é potencialmente grave e preocupante. De maneira geral, os cetáceos [família à qual pertencem as baleias] tendem a evitar as manchas, mas nem sempre elas conseguem”, disse.

Ela explicou que a contaminação pode gerar, nos animais, problemas de pele, nos olhos e respiratórios. Segundo dados preliminares de um levantamento que o Baleia Jubarte está produzindo, cerca de dez mil baleias jubarte nadam pela costa brasileira anualmente, entre os meses de julho e dezembro.

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