A pessoa mais quente do ano
Postado em 27 dez 2014
Um colunista da revista Time criou agora no final de 2014 uma nova categoria para aferir o ano.
A Time tem uma lista mundialmente conhecida das 100 pessoas mais influentes. E tem também a Pessoa do Ano.
Mas o colunista achou que havia uma lacuna, e a preencheu: a pessoa “mais quente”, ou “mais interessante”, do ano. “The coolest person”.
O vencedor foi Matthew McConaughey, da série True Detective.
E no Brasil, quem seria “the coolest person” de 2014?
Foi um ano eleitoral. Estamos elegendo, quer dizer, você está elegendo no nosso site “A Pessoa do Ano” e, também, “O Pior do Ano”.
Na minha avaliação, as urnas falarão mais alto na definição da “Pessoa do Ano”. As votações ainda estão aberta, e veremos se acertarei ou não.
Mas a “pessoa mais quente” foi, para mim, Luciana Genro.
Ela surgiu do nada, e incendiou a campanha eleitoral com suas intervenções desconcertantes e ousadas, embaladas numa cabeleira cacheada e proferidas num carregado sotaque gaúcho.
Quem não se lembra da enquadrada que ela deu em Aécio quando este ousou apontar o dedo para ela?
E da forma como ela se referiu à índole privatizante de Aécio? “É tão fanático por privatização que privatizou um aeroporto nas terras da família e entregou a chave a um tio.”
Tudo que a mídia escondeu sobre o aeroporto de Cláudio – ainda hoje jamais explicado decentemente porque simplesmente não existe explicação decente – Luciana Genro escancarou numa frase aos brasileiros.
Quando Aécio quis diminuí-la como “linha auxiliar” do PT, a resposta virou meme na internet: “Linha auxiliar uma ova!”.
Também ficou marcada a maneira como ela se dirigiu a Pastor Everaldo. “Posso chamá-lo de Everaldo? Não gosto de misturar política e religião.”
Quando Aécio começou a usar a velha cantilena direitista de corrupção, ela falou: “É o roto falando do sujo.”
E lembrou coisas como a compra de votos no Congresso para a reeleição de FHC.
Fora dos debates, ela levou o mesmo espírito inquieto. Quando Danilo Gentili entrou num discurso desgovernado sobre a esquerda na história, ela o mandou estudar.
Ao longo de toda a campanha, ela jamais fugiu das perguntas para responder o que não lhe foi perguntado – num contraste expressivo com seus oponentes.
Ela teve tempo mínimo no programa eleitoral gratuito, e mesmo assim terminou em quarto lugar na campanha, com 1,6 milhão de votos.
É um número inferior ao real: muitas pessoas optaram por Dilma por uma questão de voto útil.
Passadas as eleições, ela tem viajado o Brasil e ido a universidades levar sua pregação do que classifica como a “esquerda coerente”.
Com seu PSOL, Luciana Genro quer preencher um espaço que foi, no passado, do PT: o da esquerda inquisidora.
Se vai conseguir ou não, só saberemos com o correr dos dias.
Mas que ela sabe exatamente o que pretende, disso não há dúvida. Luciana Genro quer que o PSOL seja a versão brasileira do espanhol Podemos, um fenômeno de esquerda destes tempos.
Pela descarga de sinceridade, inteligência, charme e renovação na campanha presidencial brasileira, Luciana Genro é, na minha avaliação, a Pessoa Mais Quente de 2014.
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