quarta-feira, 29 de abril de 2015

LEVY DIZ QUE AJUSTE FISCAL NÃO IRÁ ATRAPALHAR CRESCIMENTO DO PAÍS

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, ministro afirma que reorientação da política econômica visa recuperar confiança
29/04/2015
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quarta-feira, que o ajuste fiscal não irá atrapalhar o crescimento do país e voltou a defender a aprovação das medidas que dependem de aprovação do Congresso. “O PIB não vai cair por ajuste fiscal. Temos que fazer e concluir o que está aqui [no Parlamento] para o PIB voltar a crescer”, disse durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
O ministro observou que o governo está fazendo uma reorientação da política econômica porque o crescimento do país vinha desacelerando e também para sinalizar aos investidores que o Brasil, assim como seus principais parceiros comerciais, está descontinuando suas políticas anticíclicas.
“A política anticíclica não pode ser permanente. Nossos parceiros - dos EUA à Ìndia - estão fazendo a descontinuação e o Brasil precisa acompanhar. É absolutamente importante fazer uma reengenharia e olhar para frente. Sair da política de estimular somente a demanda e facilitar também a oferta e o primeiro passo é recuperar a confiança”, afirmou.
Levy enfatizou que para recuperar essa confiança é necessário reduzir o risco fiscal. “O risco fiscal é como fazer um castelo de areia. Se tiver um desequilíbrio é como uma onda que passa e derruba tudo. A consequência é que o investidor se retrai, as pessoas deixam de comprar e enquanto o governo não der uma sinalização o PIB se retrai.”
Em sua apresentação, o ministro ressaltou o que o governo da presidenta Dilma Roussef tem feito para colocar o Brasil na rota de crescimento e reforçou as razões para a ajuste, entre as quais reverter a deterioração fiscal e das contas externas, com aumento do déficit em conta corrente, e aumentar a poupança pública. “Se isso não fosse feito teríamos uma crise. O governo teve coragem e sabedoria para não esperar chegar a crise, consertar e reorientar agora”.
Além de responder à descontinuação das políticas anticíclicas dos parceiros comerciais, o ministro disse que o país precisa se adaptar ao novo ciclo das commodities. “Tínhamos uma maré subindo e começou a ser vazante há algum tempo. Significa que temos que nos adaptar”, acrescentou.
Ele lembrou que os preços das commodities começaram a subir a partir de 2004 e se mantiveram até 2011. A partir de meados desse ano, após atingirem o pico, os preços registraram uma queda substancial.
Joaquim Levy reforçou que a intenção do governo é ser mais cuidadoso para garantir a competitividade da economia e proteger os ganhos sociais alcançados nos últimos anos. “ Temos que adaptar a economia para a nova classe média. Ela não quer só transferência de renda, quer inclusão com oportunidade. É um legado a que temos que responder”.
Acrescentou que é preciso continuar a reduzir disparidades regionais e melhorar a distribuição de renda. “O rendimento [do trabalhador] no Nordeste, a preço constante, passou de R$ 597,00 para R$ 985,00 em dez anos e o licenciamento de veículos na região triplicou nos últimos anos. É uma tremenda mudança,” exemplificou.
Na avaliação do ministro, o país não vai continuar crescendo no mesmo ritmo, mas tem que preservar essa capacidade e ajustar a economia para voltar a ter esse tipo de dinamismo.
Levy apontou aos parlamentares as agendas com as quais o governo trabalha para retomar o crescimento. Além das medidas de ajuste fiscal (redução das desonerações da folha, redução de gastos públicos, recomposição de tributos e ajustes dos benefícios trabalhistas), quer facilitar o comércio exterior e apoiar as reformas do PIS/Confins e do ICMS. Conta ainda com a parceria do BNDES com o mercado de capitais para alavancar a poupança doméstica.
O ministro destacou também a importância dos investimentos em infraestrutura no processo de retomada do crescimento. “Na hora que procuramos novos vetores é um caminho porque cria empregos e permite o crescimento”.
Levy disse que a inflação precisa convergir para a meta de forma a dar segurança para o investidor e ajudar a baixar a curva de juros de longo prazo. “Para isso, a disciplina fiscal é insubstituível”. Nesse contexto, o ministro ressaltou a importância da Lei de Responsabilidade Fiscal, que está completando 15 anos. “Temos que continuar nesse caminho”.
O ministro reafirmou, durante fala aos parlamentares, a importância da manutenção do grau de investimento com a implementação das medidas propostas pelo governo.
pontou que o Investimento Estrangeiro Direto (IED) aumentou de R$ 20 bilhões para R$ 60 bilhões depois que o Brasil obteve o grau de investimento. “Por isso é tão importante não perdermos o investment grade. Esse risco pode voltar a galope se o ajuste fiscal não for feito".
 
Joaquim Levy na Câmara dos Deputados
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