éu na Terra reune 2 mil foliões no pré-carnaval em Santa Teresa
O pré-carnaval do bloco Céu Na Terra começou animado com o Baile da Cabeleira, no Largo das Neves, em Santa Teresa. Cerca de 2 mil foliões marcaram presença para prestigiar o bloco, que este ano presta homenagem ao compositor João Roberto Kelly, que há 50 anos criou a marchinha "Cabeleira do Zezé", que virou uma espécie de hino no carnaval de rua brasileiro.
A escolha do tema, segundo Vânia Santa Rosa, que faz parte do Núcleo de Cultura Popular Céu na Terra, se deu através da aproximação com o próprio Kelly.
- Desde o início do bloco, há 14 anos, sempre tivemos interesse em conhecê-lo, pois sempre tocamos suas marchinhas. Até que um dos integrantes do nosso bloco foi para a final do Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso, onde tivemos o prazer de conhecê-lo. De lá para cá, procuramos sempre estar ao seu lado. Até que este ano lembramos que fazia 50 anos da marchinha e comunicamos ao Kelly nossa vontade de homenageá-lo, e ele ficou super feliz - conta Vânia.
Cerca de 60 ritmistas do bloco e da orquestra tocaram as tradicionais marchinhas do compositor, que também cantou suas músicas no palco. Aos 75 anos, João Kelly não segurou a emoção ao ser muito aplaudido pelos foliões, que foram caracterizados cada um com uma peruca mais irreverente que a outra. Alguns até colocaram réplicas de árvores na cabeça.
- É emocionante, depois de 50 anos, ver que a minha música atravessou gerações. Tem crianças com perucas na cabeça até jovens e idosos. Meu coração está em festa - disse o compositor.
Autor de uma das maiores marchinhas do carnaval brasileiro, Kelly relembra como escreveu a música há 50 anos:
- Eu ia com os amigos em um bar chamado São Jorge. Uma bela noite entrei e me deparei com um garçon que tinha uma cabeleira enorme. Chamei o rapaz em minha mesa e disse que se fosse caricaturista iria desenhá-lo. Mas, como não era, iria escrever uma marchinha, pois era o que eu sabia fazer. Aí nasceu a “Cabeleira do Zezé” - relembra emocionado, ressaltando que os jovens tiveram um papel importante para a volta do carnaval de rua e, principalmente, das tradicionais marchinhas de carnaval.
- O que a gente sonhava naquela época, era que o carnaval fosse exatamente como está sendo hoje, como essa nova geração fez. Naquela época o clima era mais romântico, mas não tão irreverente e criativo como se transformou hoje. Carnaval de rua é cultura. É o pobre com o rico, o negro com o branco, a criança com os idosos, e tudo de graça, democrático. Fico realmente emocionado de fazer parte dessa história - complementa.
Além das tradicionais marchinhas do João Roberto Kelly, canções de Chiquinha Gonzaga e Lamartine Babo também arrancaram aplausous dos foliões, que se concentraram em frente ao palco. No repertório, faixas famosas de Pixinguinha, Braguinha e Noel Rosa também foram saudadas pelo público.
Muitos foliões vieram de longe prestigiar o Céu na Terra, como conta Nívea Santa Rita, que saiu de Niterói especialmente para se divertir com as amigas em Santa Teresa.
- O Céu na Terra é um bloco tradicional, que reacende a magia do carnaval de rua antigo. A prova maior disso é que este ano eles estão dividindo palco nesta linda homenagem prestada ao João Roberto Kelly. Ele é a figura maior do nosso carnaval, das nossas marchinas, dessa cultura. Não podia deixar de vir e sábado que vem estarei aqui novamente - disse.
No palco, integrantes do grupo também fizeram uma performance lembrando a falta que o bondinho faz para a região. Uma réplica em miniatura do bonde foi passada de mão em mão e, em coro, o público gritou pela volta do transporte em Santa Tereza.
O desfile oficial do Céu na Terra acontece no próximo sábado. A concentração está marcada para às 8h e a saída do bloco programada para às 9h, no Largo dos Leões. O desfile termina no Largo das Neves, mesmo local onde foi montado o palco do Baile da Cebeleira.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/carnaval/ceu-na-terra-reune-2-mil-folioes-no-pre-carnaval-em-santa-teresa-11687711.html#ixzz2u6HclwgM
Nenhum comentário:
Postar um comentário