domingo, 31 de maio de 2015

Sons da história

Publicado em 31/05/2015


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Maestro Ricardo comanda a Lira de Apolo e faz isso com orgulho

Patrícia Bueno

19 de maio de 2015. Na sede da Lira de Apolo, ainda entre as heranças do incêndio de 1990, maestro Ricardo Azevedo concede entrevista, por telefone, a uma emissora de rádio. A ocasião é especial: 145 anos de fundação daquela que é considerada a quarta mais antiga banda do Estado do Rio. Antes, Ricardo, que também é o atual presidente da Lira, havia conduzido o grupo de músicos numa apresentação comemorativa, na Praça São Salvador, ainda nas primeiras horas da manhã, relembrando os velhos tempos das alvoradas.

Não é de se admirar que os músicos tenham se apresentado enquanto a cidade ainda acordava e debaixo de uma chuvinha insistente. Coragem é nome que define a Lira de Apolo que, para comemorar os 145 anos, vai brindar o público de Campos com uma série de apresentações em praça pública. - Chegar aos 145 anos significa que nossos instrumentos não se calaram durante todo esse tempo. Hoje revivemos o passado das alvoradas e pretendemos fazer apresentações em praça pública sempre no final de cada mês. É uma forma de comemorar e fazer com que as novas gerações conheçam a história da banda - comenta o maestro, conhecido como "coração de leão" por sua defesa incansável pela continuidade da Lira, fundada em 1870.

No acervo, o orgulho de ter recebido inúmeros prêmios, entre eles, o Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, em 2014. O processo de restauração da sede histórica, após o incêndio de novembro de 1990, começou em 2012 e graças às intervenções feitas nos últimos anos, o prédio não tem mais nenhum risco de cair, mas ainda necessidade de recursos para que o processo seja, de fato, concluído. - A parte estrutural está pronta. É preciso agora investir na restauração arquitetônica - explica o maestro.

Campanhas vêm sendo feitas para que o sonho se torne realidade. E as novas gerações vêm, aos poucos, buscando somar. É o caso do músico e pesquisador Fabiano Artiles, que cuida da fanpage da Lira no facebook e também está envolvido com um documentário sobre a sociedade musical.

Conversar com Fabiano fala sobre a Lira é ouvir um apaixonado pela trajetória da banda. - A Lira de Apolo participou dos principais acontecimentos históricos da cidade desde a sua fundação, além de ter sido celeiro de grandes profissionais da música. No documentário há, inclusive, depoimentos de pessoas como o maestro Luiz Reis e o sambista Délcio Carvalho - enumera.

Fabiano e os 25 componentes da banda reconhecem a força e o valor do líder que têm. - Se não fosse o maestro Ricardo, isso aqui já teria acabado - comenta o clarinetista Sérgio Luiz da Silva, que também acompanhou a conversa na sede da Lira. Sob a batuta da persistência, um maestro e seus comandados seguem a trilha de um sonho que não virou cinzas. Quando você passar por uma praça e eles estiverem tocando, é bom lembrar que todo aplauso será pouco.
Fonte: O Diário -  31-05-2015

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