sábado, 28 de novembro de 2015

Projeto Manatí ajuda a preservar um dos mamíferos marinhos mais ameaçados de extinção no Brasil

27.Nov.2015
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O Projeto Manatí contribui para preservar um dos mamíferos marinhos mais ameaçados de extinção do Brasil, o peixe-boi marinho, na região Nordeste, recordista de encalhes do animal no país, em trecho que abrange do litoral de Pernambuco até o Ceará. Com nosso patrocínio desde 2010, o projeto possibilitou a reabilitação e a devolução à natureza de cinco peixes-bois marinhos. Outros nove estão em reabilitação. A iniciativa é coordenada pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos Aquasis.
O Projeto Manatí realiza ações de monitoramento de encalhes e comportamento, resgate, reabilitação em centro próprio (Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos) e soltura de peixes-bois. Além disso, promove a educação ambiental direcionada a crianças, adolescentes, professores e pescadores, de modo a contribuir para que se reduzam a degradação do habitat da espécie e a morte de animais em decorrência da ação humana.
“O que mais impacta os peixes-bois marinhos no Brasil é a degradação do seu habitat, porque ocasiona encalhes. A destruição de estuários para darem lugar a empreendimentos turísticos, barragens, salinas e fazendas de cultivo de camarão faz com que a fêmea grávida dê à luz em mar aberto, onde o filhote não consegue acompanhar a mãe por todo o tempo. O resultado é que acaba encalhando e nem sempre consegue ser salvo a tempo”, explica a bióloga e coordenadora do projeto Ana Carolina Meirelles.
Outras causas de morte desses animais são a captura incidental em redes de pesca, o atropelamento por embarcações, a poluição dos mares por despejo de esgoto, o lixo descartado, a caça ilegal dos animais para o consumo de sua carne, a destruição da vegetação que serve de alimento ao peixe-boi marinho (ex: algas e capim-agulha) e a contaminação dos lençóis freáticos por óleo de cozinha, metais pesados, agrotóxicos usados na lavoura ou outros contaminantes. Afinal, como esclarece Ana Carolina, o peixe-boi bebe água doce de olhos d’água, isto é, nascentes subterrâneas de água (ou lençóis freáticos) que vêm à tona e desembocam no mar.
Daí se vê a importância da educação ambiental realizada pelo projeto. “Até agora, em palestras e visitas, sensibilizamos cerca de 6.800 pessoas, entre estudantes de escolas municipais e estaduais, professores e pescadores. Também alcançamos comunidades do entorno da região de ocorrência dos peixes-bois marinhos por meio de eventos como exposições itinerantes, regatas de minibotes e minijangadas e o Cortejo do Bumba-Peixe-Boi, no qual um grupo de pessoas, algumas tocando tambores, segue o grande homenageado (na verdade, uma fantasia de peixe-boi animada por indivíduos que ficam dentro do traje, nos moldes do Bumba Meu Boi, comemoração típica do folclore brasileiro realizada nas regiões Nordeste e Norte do país )”.
Hoje, a população de peixes-bois no Nordeste é estimada em cerca de mil indivíduos, segundo estudo de 2013 feito pela Universidade Federal de Pernambuco em parceria com a Fundação Mamíferos Aquáticos. Embora esse número já tenha sido estimado em de 200 a 500 indivíduos algum tempo atrás, o peixe-boi marinho continua sendo um dos mamíferos mais ameaçados de extinção no Brasil.
Outra dificuldade no processo de recuperação da espécie é que os peixes-bois possuem baixa taxa reprodutiva. Normalmente, nasce um único filhote após um período de gestação que varia entre 12 e 13 meses, sendo raramente observado o nascimento de gêmeos. As fêmeas amadurecem sexualmente aos três ou quatro anos de idade, ao passo que os machos pouco depois dos três anos. Esses animais são tidos como solitários, com provável isolamento genético, permanecendo a fêmea junto do filhote por apenas dois anos e sendo formados grupos temporários com uma fêmea e até uma dezena de machos  durante períodos de acasalamento, que duram de uma semana a um mês.
“Conseguimos, até agora, que cinco animais fossem devolvidos à natureza reabilitados e que nove estejam em reabilitação, sete no nosso Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos, no Ceará, e dois em Pernambuco, onde eram reabilitados antes de construirmos nosso centro próprio, em 2012. Contribuímos, também, para preservar a espécie mudando mentalidades pela educação ambiental. Mas ainda há muito trabalho pela frente”, constata Ana Carolina.
Programa Petrobras Socioambiental                          
O projeto Manatí é patrocinado por intermédio do Programa Petrobras Socioambiental.  Por meio desse programa, investimos em projetos de todo o Brasil, com foco em sete linhas de atuação: Produção Inclusiva e Sustentável, Biodiversidade e Sociodiversidade, Direitos da Criança e do Adolescente, Florestas e Clima, Educação, Água e Esporte.
Postado em: [Sociedade e Meio Ambiente]

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