sábado, 14 de maio de 2016

Sarau Soturno homenageia poetas malditos e poesias estranhas

14/05/2016 15:36:00 - Jornalista: Lourdes Acosta
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Imagem do evento a luz de velas.
Foto: Bruno Campos
Encontro relembrou a obscuridade da poesia do século XIX.
O primeiro "Sarau Soturno" foi realizado pela Fundação Macaé de Cultura (FMC), nesta sexta-feira (13), no Solar dos Mello - Museu da Cidade, homenageando poetas malditos e poemas estranhos consagrados da literatura medieval e contemporânea. O encontro literário exaltou poetas como Poe, Baudelaire, Lautreamont, Rimbaud, Trackl, Celan, Ginsberg, Kerouac, Piva, Mattoso, Willer e Hilst, além dos brasileiros e latinos da década de 50 e 60.
Num cenário propício, repleto de candelabros com velas acesas o evento foi aberto pelo poeta e professor Gerson Dudus que, na oportunidade, lembrou aos participantes a obscuridade da poesia do século XIX.

- Aproveitando toda a simbologia da sexta 13, o Sarau culminou num tributo aos poetas malditos de ontem e de hoje. O termo maldito ganhou maior notoriedade no século XIX, quando o amigo de Arthur Rimbaud, Paul Verlaine, publicou a obra "Les Poètes Maudits" (Os Poetas Malditos). O termo também pode ser aplicado em autores que passaram pelo mesmo processo como William Blake e Baudelaire. Outro escritor que ganhou a alcunha foi Henry Miller, que teve suas obras proibidas nos Estados Unidos dos anos 30 - explicou.

Todos estes autores são associados pelos críticos literários como transgressores. São escritores que romperam e se rebelaram contra as tradições e costumes da época em que iniciaram seus trabalhos. “O maldito é o contrário do que se chama de olímpico na crítica literária”, esclareceu Dudus.

Os apreciadores literários e poetas presentes ao evento interpretaram suas próprias poesias e de autores consagrados. A jornalista Mônica Braga leu uma poesia neobarroca cubana e rioplatense denominada “Chamado do desejo”, do livro Caribe Transplatino, organizado por Néstor Perlongher. Já a professora licenciada em Letras, Viviane Chaves, declamou quatro estrofes do poema “Angústia”, de Stephane Mallarmé, organizado e traduzido por José Lino Grunewald.

A leitura poética foi completada por estudantes de teatro e simpatizantes. Os poemas de brasileiros das décadas de 50 e 60 como Torquato Neto e Horácio Costa também foram citados, revelando a aclimatação peculiar que o neobarroco latino-americano teve no Brasil.

Para o poeta macaense Paulo Emílio Azevedo, conhecido como o "Poeta paz", esta ação cultural não deve parar por sua importância literária. "A FMC deve dar continuidade aos encontros semanais sobre A Língua do P - Poesias, Poetas, Povo, que reúne os poetas que vivem em Macaé e abre um espaço de fruição poética de consumir, digerir e experimentar a poesia nas suas diversas formas”, disse.

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