quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Grupo constrói oca e improvisa tenda ao lado do Maracanã

Cerca de 40 defensores de causa indígena reafirmam posição contrária à do governo

DANIEL PEREIRA
Rio - Quem passava nesta quarta-feira em frente ao Estádio do Maracanã, podia notar o contraste com uma construção bem simples: uma oca. Isso mesmo, a casinha indígena foi construída por representantes da Aldeia Maracanã que são contrários ao projeto doCentro de Referência da Cultura dos Povos Indígenas onde fica o prédio do antigo Museu do Índio. Cerca de 40 pessoas estão reunidas em frente ao local. Elas se abrigam em barracas e numa tenda improvisada com plásticos e papelões.
De acordo com a indía Zahytatá Guajajara, os manifestantes exigem ficar no local. “Ogoverno quer tirar a gente daqui, mas esta terra é nossa. A gente quer fiscalizar as obras. Precisamos ter autonomia para isso”. Na semana passada, parte do grupo invadiu o Hotel Novo Mundo, no Flamengo, onde era realizado um encontro de 20 lideranças indígenas com a secretária estadual de Cultura, Adriana Rattes. Na ocasião, o indígena ‘José’ Urutau Guajajara, tio de Zahytatá, reclamava que representantes da Aldeia Maracanã não tinham sido convidados. 
Diante do antigo Museu do Índio e com o Maracanã ao fundo, indígena toma conta da oca: grupo é contrário ao projeto do Centro de Referência da Cultura naquele local
Foto:  Carlo Wrede / Agência O Dia
A reunião, alega ele, decidiria o futuro do Museu do Índio. “Eles nem chamaram a gente para a conversa. Estão discutindo com um povo que não é daqui. Estes líderes não nos representam”.
A invasão foi condenada por Marcos Terena, líder indígena: “Tudo transcorria bem. A gente ia fechar um plano de trabalho e tentar estabelecer parceria para que a cultura indígena fosse difundida na Copa do Mundo”. 
Terena considerou a invasão um desrespeito. “Foi uma violação. A gente nem sabe quem é este pessoal”. A Secretaria de Cultura reafirmou nesta quarta-feira que as negociações com os índios vão continuar, mas alegou que os opositores do Centro de Referência são uma minoria isolada. Em nota, o governo do estado já afirmou que o antigo Museu do Índio não será derrubado para obras da Copa do Mundo, mas reformado, dando espaço ao Centro de Referência.

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