Jesuíta espanhol atuou na catequização dos índios no Brasil no século 16.
Anchieta também foi um dos fundadores da cidade de São Paulo.
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O Papa Francisco deve assinar nesta quarta-feira (2) um decreto em que proclama santo o jesuítaespanhol José de Anchieta, mais conhecido como Padre Anchieta, que atuou no Brasil no século 16 e foi um dos fundadores da cidade de São Paulo, em 1554.
Sem pompas, a assinatura deve ocorrer durante ato privado no Vaticano, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB.
Com isso, Anchieta se torna o terceiro santo a ter laços estreitos com o Brasil. A primeira foi Madre Paulina, santa desde 2002, quando o Papa João Paulo II a canonizou. Em seguida, Frei Galvão, brasileiro nascido emGuaratinguetá (SP), proclamado Santo Antônio de Sant'Ana Galvão em 2007 pelo atual Papa Emérito Bento XVI.
Entretanto, diferentemente de Paulina e Galvão, Anchieta não teve dois supostos milagres que praticou reconhecidos pelo Vaticano. Relatos de mais de 400 anos apontam que eles aconteceram, mas o tempo longo passado desde então impossibilita sua comprovação, segundo historiadores.
A canonização de Anchieta se dará por seu trabalho missionário feito no Brasil, principalmente pela catequização dos índios no período de colonização, além da fundação de missões jesuítas em diversas províncias do país.
Histórico
Nascido nas Ilhas Canárias, arquipélago que pertence à Espanha, Anchieta ingressou aos 17 anos na Companhia de Jesus, congregação religiosa fundada no século 16 e que ficou responsável pelo processo de evangelização da América Latina.
Nascido nas Ilhas Canárias, arquipélago que pertence à Espanha, Anchieta ingressou aos 17 anos na Companhia de Jesus, congregação religiosa fundada no século 16 e que ficou responsável pelo processo de evangelização da América Latina.
Os integrantes da instituição, que existe até hoje, são chamados de jesuítas – o Papa Francisco é o primeiro deles a ser eleito como líder da Igreja Católica, em 2013.
Segundo a coordenadora do Museu Anchieta, no Pateo do Collegio, em São Paulo, Anchieta chegou ao Brasil com 19 anos, ansioso para trabalhar com indígenas. Em 1554, participou da fundação de São Paulo.
Aprendeu a língua nativa, o tupi, e com a ajuda de curumins (crianças índias), que exerceram o papel de tradutores, escreveu o livro “Arte de grammatica da lingoa mais usada na costa do Brasil”, que ajudava outros religiosos a entender a língua indígena durante o processo de catequização do Brasil-Colônia (o texto pode ser lido aqui).
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Ao longo de sua vida ficou conhecido pela característica de conciliador. Teve papel fundamental durante o conflito entre os índios Tamoios (ou tupinambás) e os tupiniquins, denominado Confederação dos Tamoios, que, segundo Carla, ocorreu entre 1563 e 1564.
Na época, os Tamoios, apoiados pelos franceses, se rebelaram contra os tupiniquins, que recebiam suporte dos portugueses. Para apaziguar os ânimos, Anchieta se ofereceu para ficar de refém com os tamoios na aldeia de Iperoig, enquanto outro jesuíta, o padre Manoel da Nóbrega, seguiu para o litoral de São Paulo para negociar a paz.
Enquanto esteve “preso”, sua devoção à Virgem Maria o fez escrever na areia a obra “Poema à Virgem”, com quase 5 mil versos. A imagem deste momento foi retratada séculos depois pelo artista Benedito Calixto, no quadro que leva o mesmo nome da obra literária e que está exposto atualmente no Museu Anchieta.
Anos depois, foi nomeado Províncial do Brasil da Companhia de Jesus, responsável por todas as missões jesuítas do Brasil. Visitou várias regiões até morrer em 1597, aos 63 anos.
Processo longo de canonização
O jesuíta foi beatificado por João Paulo IIem 1980, na primeira etapa antes de se tornar santo. O pedido para que isso ocorresse, no entanto, foi feito ainda no século 16. Mudanças no Código Canônico e conflitos que acabaram com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, atrasaram o processo.
O jesuíta foi beatificado por João Paulo IIem 1980, na primeira etapa antes de se tornar santo. O pedido para que isso ocorresse, no entanto, foi feito ainda no século 16. Mudanças no Código Canônico e conflitos que acabaram com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, atrasaram o processo.
Segundo o padre Valeriano dos Santos Costa, diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, a proclamação do jesuíta espanhol como santo ocorreu por suas ações que, segundo ele, "comprovaram que sua vida foi cheia de milagres".
“[Com essa atitude], acredito que a Igreja Católica deve rever o método de canonização. Isso pode abrir outras possibilidades para criar mais santos”
“[Com essa atitude], acredito que a Igreja Católica deve rever o método de canonização. Isso pode abrir outras possibilidades para criar mais santos”
Comemoração
Para celebrar a canonização do santo, a Igreja Católica no Brasil prepara diversas festividades. Em Anchieta, no Espírito Santo, cidade que foi fundada pelo jesuíta em 1565, inicialmente como Aldeia de Reritiba, uma programação especial com missa solene e concerto musical deve marcar o dia.
Em São Paulo, a Arquidiocese recomendou que todas as igrejas da cidade toquem os sinos por cinco minutos às 14h. Haverá ainda duas missas, uma na Catedral da Sé, às 18h, e outra no Páteo do Collegio, às 19h30. No domingo (6), uma procissão pelas ruas da capital paulista seguida de missa deve encerrar as festividades.
Para celebrar a canonização do santo, a Igreja Católica no Brasil prepara diversas festividades. Em Anchieta, no Espírito Santo, cidade que foi fundada pelo jesuíta em 1565, inicialmente como Aldeia de Reritiba, uma programação especial com missa solene e concerto musical deve marcar o dia.
Em São Paulo, a Arquidiocese recomendou que todas as igrejas da cidade toquem os sinos por cinco minutos às 14h. Haverá ainda duas missas, uma na Catedral da Sé, às 18h, e outra no Páteo do Collegio, às 19h30. No domingo (6), uma procissão pelas ruas da capital paulista seguida de missa deve encerrar as festividades.
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