terça-feira, 1 de abril de 2014 - 21h19 Atualizado em terça-feira, 1 de abril de 2014 - 22h02
Laudo: caixa-preta de avião foi trocada
Há oito anos, queda da aeronave no interior fluminense matou 19 pessoas; sem dados de gravação da viagem, investigação emperra
Acidente deixou 19 mortos em março de 2006Reprodução/Band
Sandro Barboza, Jornal da Band noticias@band.com.br
Oito anos depois da queda de um bimotor que matou 19 pessoas no interior do Rio de Janeiro, parentes das vítimas ainda não sabem o que provocou o acidente. A caixa-preta da aeronave da Team Linhas Aéreasdesapareceu misteriosamente, trocada por outro equipamento.
A caixa-preta do avião, encontrada no local do acidente, desapareceu durante a investigação, como aponta o laudo feito pelo Cenipa (Centro de Investigação ePrevenção de Acidentes Aeronáuticos), da Aeronáutica.
O equipamento se divide em dois gravadores. Um que registra as conversas dos pilotos e outro que grava tudo que acontece nos equipamentos. O gravador que aparece no laudo tinha o número 10292, mas o que deveria estar instalado era o 10128. Não se sabe onde está a caixa-preta original. “Se não fosse para esconder, não fariam isso”, diz Margarete Cassemiro, a viúva de uma das vítimas. “Há algo errado... há algo errado”.
Familiares pedem por Justiça:
Os donos da Team eram o oficial da reserva da Aeronáutica Mário César Soares Moreira e o empresário Venilton Stabile, apontado pelo MP (Ministério Público) como um dos integrantes do jogo do bicho no Rio de Janeiro na década de 1990.
Contatado por telefone, Moreira recusou-se a falar. “O assunto da investigação está em andamento. Eu não posso falar, não”.
Dois ex-diretores da empresa também são oficiais da reserva da Aeronáutica: David da Costa Faria e Carlos Eduardo Pellegrino. Em ligação telefônica, Faria disse que não sabia do sumiço da caixa-preta e credita o acidente a um erro dos pilotos. Ele confirma que seu colega trabalhava na Team na época do acidente, algo que Pellegrino não informou ao Senado quando apresentou seu currículo para assumir uma direção da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que fiscaliza a aviação civil no país.
O diretor da Anac Carlos Eduardo Pellegrino foi procurado, mas a assessoria do órgão informou que ele está fora do país. Segundo a agência, ele só trabalhou na empresa aéreaTeam após o acidente.
“As pessoas morrem e, como punição, você vai ser diretor da Anac”, diz Célia Regina Di Ciesco, mãe de uma das vítimas. “Nós queremos justiças, só isso. Queremos que seja feita justiça”. Até agora, nenhuma família foi indenizada pela empresa aérea.
Laudo aponta que houve troca de caixa-preta na aeronave:
Reprodução/Band
O acidente
Em 31 de março de 2006, a aeronave, um bimotor LT-410, decolou de Macaé com destino à capital do estado, Rio de Janeiro. No trajeto sobre a cidade de Rio Bonito, no interior fluminense, o avião estava em baixa altitude. No local, é comum a formação de nuvens, que encobrem o alto dos morros. Foi em um deles que o avião se chocou. As 19 pessoas que estavam a bordo morreram.
Veja os nomes dos 19 mortos no acidente:
Michael Petter Hutten (piloto),
Albarus Jaime Eloir (co-piloto),
Marco Galasso,
Thais Santos,
Ribamar Casemiro,
Jorge Costa,
Bartolomeu Antunes,
Henrique Carvalho,
Milton Souza,
Hugo Corrêa,
Jacques Berner,
Marcio Pereira,
Leila Abreu,
Marco Lattare,
Benedito Paladine,
Marben Souza,
Cristian Mangone,
Marcelo Oliveira,
Marcos Neves
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