terça-feira, 28 de outubro de 2014

28/10/2014 16h28 - Atualizado em 28/10/2014 17h53

Primeiro carregamento do Minas-Rio inaugura superporto que foi de Eike

Mais de 80 mil toneladas de minério de ferro estão a caminho da China.
Houve longo atraso e carga partiu do RJ em cenário de mercado saturado.

Da Reuters
Porto do Açu em São João da Barra (Foto: Divulgação/AngloAmerican)Porto do Açu em São João da Barra (RJ), em foto de agosto (Foto: Divulgação/AngloAmerican)
A Anglo American embarcou seu primeiro carregamento de minério de ferro do projeto Minas-Rio no Brasil, após ter sofrido longo atraso, informou a companhia nesta segunda-feira (28), elevando a oferta da commodity em um mercado já saturado. A carga de mais de 80 mil toneladas de minério de ferro está a caminho de clientes na China a partir do Porto de Açu, no estado do Rio de Janeiro.
O terminal portuário de Açu é gerenciado pela joint venture Ferroport, com participação de 50% da Anglo e 50% da Prumo Logística (ex-LLX, deEike Batista). Lançado por Eike Batista, o superporto do Açu não está mais sob controle do empresário. Em setembro de 2013, a LLXassinou acordo com o grupo EIG para um investimento de até R$ 1,3 bilhão na companhia que, ao final, torna o grupo controlador da empresa.
"Este primeiro embarque marca o início das operações do Porto do Açu", disse a Prumo Logística, em nota. O contrato entre a Anglo e a Ferroport prevê pagamento pela mineradora de US$ 7,23 por tonelada de minério de ferro embarcada, com base no volume anual de 26,5 milhões de toneladas em base natural, pelo prazo de 25 anos.
O contrato tem ainda uma cláusula de Take or Pay, que prevê pagamentos de períodos anteriores. "A companhia informa que a Ferroport recebeu os pagamentos referentes aos meses de julho e agosto", disse a Prumo, em nota.
O Minas-Rio, maior investimento estrangeiro já feito no Brasil, foi afetado por atrasos e aumento de custos desde que a Anglo o comprou em 2007-2008 do ex-bilionário brasileiro Eike Batista, por cerca de US$ 5,5 bilhões.
Os investimentos para a implantação do empreendimento devem alcançar aproximadamente R$ 20 bilhões, segundo estimativa da Anglo informada em janeiro de 2013 e reiterada em setembro.
O investimento, porém, é muito mais alto que o previsto quando a Anglo começou a apostar no projeto. Quando a mineradora comprou sua primeira participação do Minas-Rio, a previsão era que o projeto iniciasse a produção em 2009, com um investimento total estimado em US$ 2,35 bilhões.
Momento difícil
A entrega da Anglo com destino à China está em linha com um compromisso assumido pelo presidente-executivo da Anglo, Mark Cutifani, após uma revisão no ano passado. Mas, se de um lado isso reflete a capacidade do executivo de honrar promessas, o momento do embarque inaugural não é o ideal.
Os preços do minério de ferro caíram cerca de 40% este ano devido à maior oferta por parte das mineradoras Rio Tinto, BHP Billiton e Vale, em meio ao fraco crescimento da demanda.
Chegada do minério de ferro no Porto do Açu (Foto: Divulgação/AngloAmerican)Chegada do minério de ferro no Porto do Açu em
foto de agosto (Foto: Divulgação/AngloAmerican)
"Minas-Rio é um legado de decisões anteriores de gestão, mas pelo menos agora ele está em linha com a última previsão de tempo e orçamento", disse o analista da Investec Marc Elliott. "É apenas triste que ele esteja vindo neste momento, e vai agravar a situação de excesso de oferta que está evoluindo rapidamente."
A Anglo disse que está esperando elevar a capacidade de produção no Minas-Rio para 26,5 milhões de toneladas por ano ao longo dos próximos 18 a 20 meses, mas vai precisar de várias licenças e renovações de permissões para entrar em modo totalmente operacional.
Cutifani está confiante que o complexo Minas-Rio será capaz de suportar as difíceis condições de mercado. "Acreditamos que as perspectivas para o nosso produto premium, em especial, continuam a ser atraentes, apesar da fraqueza atual no preço do minério de ferro, e que a operação totalmente integrada de Minas-Rio - da mina ao porto - nos permitirá manter a nossa posição de custo baixo de operação no longo prazo", disse Cutifani em um comunicado.
FONTE - G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário