segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A misteriosa história do “Anjo de Kobani”, a guerrilheira que está combatendo o Estado Islâmico



Ela?
Ela?
Publicado na BBC Brasil.

Nos últimos dias, milhares de pessoas compartilharam comentários sobre “Rehana”, bem como imagens supostamente identificando a mulher apelidada de “Anjo de Kobani”, nas mídias sociais.
De acordo com relatos, a jovem é uma guerrilheira curda cujas façanhas parecem notáveis mesmo para a reputação dos valente Pershmerga – como são chamados os guerrilheiros curdos. Ela seria responsável pela morte de mais de 100 combatentes do ‘Estado Islâmico’ na batalha pelo controle da cidade síria.
O problema é a escassez de informações não apenas sobre suas atividades, mas sobre sua existência.
Embora o mundo acompanhe o cerco do grupo radical islâmico à cidade na fronteira da Síria com a Turquia, obter imagens e informações mais precisas sobre do conflito é extremamente difícil, especialmente porque Kobani é alvo de bombardeios aéreos da coalizão.

‘Batismo’ virtual

Neste cenário, rumores tornam-se comuns, em especial os relacionados a feitos heróicos. “Rehana” está nesta categoria.
Poucas histórias soam mais atraentes que as de uma guerrilheira enfrentando os combatentes do EI, cujo histórico de violações aos direitos femininos ganhou notoriedade.
O pouco que se conhece sobre o “Anjo de Kobani” é que ela foi fotografada em 22 de agosto durante uma cerimônia em Kobani celebrando a chegada de voluntários curdos para os combates contra o EI.
Havia um único jornalista internacional presente, o sueco Carl Drott. Drott teve um rápido diálogo com a moça antes do início do evento e apurou que “Rehana” não estava indo para a linha de frente, e sim tinha se voluntariado para a força policial de Kobani.
“Ela me disse que estudava Direito em Aleppo (cidade Síria), mas que decidira se engajar depois de seu pai ter sido morto pelo ‘Estado Islâmico’”, explicou Drott à BBC.
“Tentei encontrá-la depois da cerimônia, mas não consegui encontrá-la ou mesmo saber seu nome”.

Trending

Ou seja: o “batismo” da guerrilheira ocorreu nas mídias sociais. E vale lembrar que “Rehana” sequer é um nome curdo comum.
Para aumentar a confusão, as histórias que não podem ser confirmadas sobre a matança de radicais islâmicos também incluem outras sobre a “morte” de “Rehana”.
No início de outubro, relatos de seu assassinato nas mãos do EI circularam de forma desenfreada pelo Twitter, acompanhados de fotos supostamente mostrando o corpo decapitado da guerrilheira, ao lado da imagem já conhecida de “Rehana” sorrindo para a câmera em seu uniforme militar.
A partir da segunda semana de outubro surgiram as histórias sobre o incrível número de inimigos supostamente mortos por “Rehana”. Um comentário no Twitter sobre o assunto teve mais de 5,5 mil compartilhamentos.
Apesar da suspeita de que o tuíte poderia ser propaganda curda, o curioso é que ele surgiu na conta de um usuário indiano.
“Mas ela cativou todo mundo com seus belos olhos e seus cabelos louros. Ela tem um imenso número de fãs”, diz a blogueira curda Ruwayda Mustafah.
“Ela simboliza o que todos nós queremos ver: homens e mulheres lutando juntos contra as forças bárbaras do EI”.
Real ou não, a história do “Anjo de Kobani” parece estar cumprindo seu papel de inspirar a resistência curda.
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