sexta-feira, 31 de maio de 2013

HISTÓRIA E FÉ


 Macaé viveu um 

espetáculo de arte e fé cristã



Deste das primeiras horas da manhã de ontem (30), centenas de fiéis estiveram na avenida Papa João XIII, para construir tapetes de sal para comemorar a festa de Corpus Christ. Uma tonelada de sal grosso,  aproximadamente mil quilos de serragens e centenas de tubinhos, vão confeccionar dezenas de tapetes ao longo de l000 metros.

As solenidades tiveram início  na Igreja de Santo Antonio, no bairro Visconde de Araújo, pelo  paroco Gleilson Lima e em seguida ouve a participação de centenas de fiéis na procissão que percorreram  várias ruas da cidade em direção a Igreja atriz de Nossa Senhora de Fátima, localizada no centro da cidade.



A estimada professora Izabel Azeredo,
 participando ativamente  nas 
confecções dos lindos tapetes.

 Um elenco com centenas de fiéis, 
representando as pastorais de Macaé,
 viveram momentos de arte e fé nas
 confecções dos tapetes.
 (foto Marcelo Imbetiba)

 

Símbolo de Corpus Christi, 

sal faz parte da história de Cabo Frio

Matéria-prima impulsionou o desenvolvimento da cidade no século XIX.

Atividade está à beira do fim e dá um ar de saudosismo aos moradores.






Atividade salineira era um das principais fontes de renda na Região dos Lagos. (Foto: Wolney Teixeira)Atividade salineira era um das principais fontes de renda na Região dos Lagos.
(Foto: Wolney Teixeira/ Arquivo Pessoal)
O sal, matéria-prima encontrada na natureza e conhecido por dar o sabor na comida, também é utilizado em manifestações culturais em forma de tapetes na celebração de Corpus Christi. Por trás do contexto culinário, o tempero foi o grande impulsionador do desenvolvimento da cidade de  Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.


Dados históricos apontam que o mineral salgado foi encontrado de forma natural no século XVI entre as frestas das pedras que ficavam às margens da Lagoa de Araruama. Desde então, a exploração se dava de forma artesanal até a implantação das usinas de refinaria em 1950, sendo considerado por historiadores como a 'revolução industrial' da cidade. A partir daí, segundo o historiador João Henrique Christovão, de 48 anos, a atividade passou a ser mais perceptível.


Tapete Caçapava (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)Tapete de sal tradicionais confeccionados no feriado de Corpus Christi (Foto: Reprodução/TV Vanguarda)
"Apesar do desenvolvimento do município ter acontecido a partir das instalações das empresas de refinaria na década de 50, tornando a atividade mais receptível, a atividade salineira era sentida muito antes. Foi pela reivindicação dos trabalhadores envolvidos com o sal, que a estrada de ferro veio para Cabo Frio em 1937 para escoar a produção e facilitar o transporte dos moradores para outros lugares. O antigo cinema também era um reflexo do sal porque ele foi construído pelos donos de salinas. O sal teve uma importância muito grande para a economia e para a construção da identidade cultural da cidade", contou o especialista no assunto.
JMJ também é tema dos tapetes em Itaocara. (Foto: Arquivo pessoal/Polyanna Muniz Bucker) 
Tapetes de Corpus Christi são produzidos com sal.
(Foto: Arquivo pessoal/Polyanna Muniz Bucker)
O impulso foi tão grande, que em 1935 a Região dos Lagos possuía 109 salinas espalhadas entre Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Araruama, transformando, alguns anos depois, os municípios em verdadeiros pólos produtores do cloreto de sódio do Estado do Rio de Janeiro. De acordo com o secretário executivo da Associação Brasileira dos Extratores e Refinadores de Sal (Abersal), Afrânio Manhães Barreto, de 80 anos, as condições climáticas e a especualção imobiliária foram determinantes para a mudança no panorama da atividade salineira.


"A refinaria de Cabo Frio foi a primeira do país e a mais importante mas o Estado do Rio de Janeiro tem uma vocação mais forte para o turismo, o que faz os proprietários de terras desistirem da ideia de ter uma salina para para construir um hotel ou uma casa, que é mais rentável. Para ter uma noção do quanto a produtividade na Região dos Lagos perdeu força, nosso último levantamento mostra que em 2010, dos 5 milhões e 100 mil toneladas produzidas, apenas 407 mil toneladas vieram do Rio de Janeiro. Hoje, o Rio Grande do Norte se tornou o principal produtor do mineral, com uma larga escala que representa 90% do sal do Brasil", informou.


Atividade continua, apesar das dificuldades

Apesar da primeira refinaria ter fechado as portas, outra indústria dá seguimento nas atividades desde 1951. Segundo o diretor corporativo da empresa, Luiz Césio Caetano Alves, de 63 anos, as mudanças climáticas implicam no índice de produtividade. O funcionário disse ainda que ''as boas safras já pertencem ao passado, quando a empresa chegou a produzir, entre 1989 e 1994, 24.800 toneladas por mês''.

Salinas em plena atividade em Cabo Frio. (Foto: Wolney Teixeira)Salinas em plena atividade em Cabo Frio. (Foto: Wolney Teixeira/Arquivo Pessoal)
Quem insiste em manter a tradição viva, reconhece a realidade. Antônio Américo, de 50 anos, trabalha há 20 anos no setor. Ele tem salinas em Cabo Frio e disse que a expectativa da safra de 2013 ficou longe do esperdo. "Há pelo menos 12 anos a média de produção ficou em 700 toneladas de sal por ano, e neste ano eu consegui produzir apenas 10% de todo o valor. Se o tempo melhorar, teremos um número mais satisfatório, mas isso é imprevisível", lamentou o produtor.


Quem carrega na memória o cenário da antiga empresa em pleno funcionamento, ainda tem lembraças vívidas dos tempos áureos da produção do mineral proporcionou durante o século passado. Carmem Lúcia Pereira Soares, de 60 anos, é uma das famílias que vieram, como ela própria diz, do sal. A dona de casa se recorda do passado embalada pela saudade.


"Meu pai nasceu em Perynas e sempre trabalhou na empresa fazendo a manutenção das máquinas da refinaria. Por isso, eu também nasci no mesmo lugar e digo que a minha família é do sal mesmo. Passei a minha infância por lá correndo pelas salinas, brincando entre as montanhas de sal. Hoje, quando me lembro de como as coisas estão, eu fico com mais saudade ainda. Estar perto da 'usina', é reviver o meu passado'', relembrou a dona de casa.
Salinas ocupavam todo o bairro Portinho, atualmente invadido por condomínios. (Foto: Wolney Teixeira)Salinas ocupavam todo o bairro Portinho, atualmente ocupado por condomínios.
(Foto: Wolney Teixeira / Arquivo Pessoal)
 

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