Velório de Roberto Civita é
encerrado em São Paulo
De acordo com nota do Grupo Abril, ele estava internado para a correção
de um aneurisma abdominal. Civita foi operado durante o Carnaval para a
colocação de uma prótese na aorta, mas teve complicações causadas por
uma hemorragia. O quadro foi revertido, mas o estado de outros órgãos se
complicou até chegar à falência múltipla.
Uma das primeiras autoridades a comparecer ao velório, que começou na madrugada desta segunda, fo o vereador Andrea Matarazzo (PSDB). Ele lamentou a morte do amigo e contou que teve uma convivência familiar com Civita de três gerações, também foi amigo dos pais e filhos. "Roberto era um homem brilhante, bem humorado, de bem com a vida. Ele unia dois traços importantes que era o empreendedor e o empresário muito competente e um jornalista que prezava muito o espírito da liberdade, o espírito brasileiro. É uma perda inestimável tanto no aspecto empresarial, foi um dos grandes empreendedores, como no aspecto jornalístico, um homem que criou a revista brasileira de maior circulação, que é a Veja".
O rabino Henry Sobel contou que Civita tinha o costume de corrigir os
erros de português do religioso, que o corrigia no inglês. "Ele era
gente, muito bom, confiável. Ele era a locomotiva da Editora Abril,
competente". Sobel informou ainda que Roberto e seu pai, Victor,
costumavam frequentar a sinagoga. "Eram judeus de coração".
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que Civita deu uma contribuição
extraordinária como jornalista e empresário com o lançamento de
revistas no país e comentou a relação entre seu partido e a revista
Veja. "Todos sabem que muitas vezes a Veja tem sido uma critica severa
do PT, do meu partido, as vezes de mim próprio, mas eu acho que é
importante neste momento aqui expressar o sentimento de pesar à sua
família".
Fernando Henrique Cardoso chegou ao velório
no começo da tarde desta segunda (27)
(Foto: Roney Domingos/G1)
no começo da tarde desta segunda (27)
(Foto: Roney Domingos/G1)
O presidente do conselho do Bradesco, Lázaro Brandão, lamentou a morte
do jornalista "É uma pena porque ele tinha um direcionamento, uma
capacidade de criar, formar opinião pública através de um
direcionamento, tinha uma capacidade excepcional e uma vontade férrea de
criar".
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou ao velório por volta
das 14h. "Acho que estamos em um momento difícil para o Brasil. Estamos
vindo do velório do Ruy Mesquita. Agora o enterro do Roberto Civita. São
dois gigantes. São pessoas que têm dignidade, têm noção da importância
da imprensa, têm responsabilidade e isso faz falta. Faz falta para a
democracia. Além do lado pessoal, tem esse lado realmente do país.
Ninguém é insubstituível, mas não é fácil", declarou.
O senador Aécio Neves também compareceu ao velório. "Roberto Civita foi
um dos mais extraordinários homens que eu conheci. O Brasil perde uma
referência do bom jornalismo, que não teme dizer a verdade", disse o
senador.
José Serra chega ao velório de Civita
(Foto: Roney Domingos/G1)
(Foto: Roney Domingos/G1)
O ex-governador José Serra chegou ao Crematório Horto da Paz por volta
das 15h."Uma grande perda para o Brasil. Foi um grande editor. Criou a
revista Veja. Criou varias outras revistas importantes. Era um homem
inteligente, um interlocutor extraordinário, expunha suas ideias com
toda sinceridade, com toda a franqueza e ouvia os outros. Foi um homem
que trouxe uma grande contribuição para a democracia brasileira, para a
liberdade da informação, para a qualidade da informação e para o estado
de direito. E uma grande, imensa perda para todos nós."
Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, comentou sobre o legado
deixado por Civita. “Como qualquer brasileiro, lamentar essa grande
perda. Uma pessoa que fez muito para o desenvolvimento do Brasil, junto
com sua família, dando sequência ao trabalho de seu pai. Deixa um legado
para seus filhos, sua família e para nos brasileiros", afirmou o
ex-prefeito de São Paulo.
No começo da tarde, a presidente Dilma Rousseff divulgou nota de pesar
pela morte do empresário. A presidente solidarizou-se com a família e
afirmou que, sob o comando de Roberto Civita, a Abril consolidou-se como
uma “referência”. Veja a íntegra da nota da presidência:
“Nota de pesar da presidenta Dilma Rousseff pelo falecimento de Roberto Civita.
Lamento a morte do empresário Roberto Civita. Sob o seu comando, a Editora Abril, consolidou-se como uma referência.
Nesse momento de tristeza, envio meu abraço solidário para sua mulher, Maria Antônia, seus filhos e amigos
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil”
Presidenta da República Federativa do Brasil”
O senador Aécio Neves compareceu ao velório
de Roberto Civita (Foto: Roney Domingos/G1)
de Roberto Civita (Foto: Roney Domingos/G1)
Em nota, Fábio Barbosa, presidente-executivo da Abril S/A, também
lamentou o falecimento do empresário. "Roberto Civita foi uma das
personalidades mais importantes da história do jornalismo brasileiro e
fará muita falta ao país. Seus ideais de liberdade de expressão e
democracia devem, certamente, inspirar ainda muitas gerações. Roberto
também era um destemido defensor da livre iniciativa e sempre foi um
grande otimista em relação ao futuro do país. Acreditava e trabalhava,
há décadas, na construção do desenvolvimento brasileiro por meio da
educação. É uma perda inestimável para todos nós.Acima de tudo isso,
Roberto Civita, meu amigo, acreditava e lutava pelo Brasil. Neste
momento de dor, minha solidariedade à família e a todos os meus colegas
do Grupo Abril. Vamos trabalhar para continuar o legado de Roberto
Civita."
Haddad compareceu ao velório do empresário
no início da tarde desta segunda
(Foto: Roney Domingos/G1)
no início da tarde desta segunda
(Foto: Roney Domingos/G1)
Fernando Haddad também esteve no velório na tarde desta segunda. Ele
comentou a relação que teve com Civita na época em que era ministro da
educação. “Um desaparecimento muito prematuro. Era uma pessoa com quem
travei longos debates sobre educação. Uma das características do grupo
Abril foi compromisso de longa data com o setor educacional. Como
ministro da educação pude frequentar o grupo Abril para fazer a agenda
da educação avançar. Todas as revistas do grupo tinham espaço reservado
para educação", disse o prefeito.
Alckmin chega ao velório de Civita
(Foto: Roney Domingos/G1)
(Foto: Roney Domingos/G1)
Por meio de nota, Francisco Mesquita, diretor-presidente do "Estadão",
homenageou o empresário. “O país perde um grande defensor da livre
iniciativa, liberdade de expressão e economia de mercado”, disse.
Geraldo Alckimin, governador de São Paulo, esteve no crematório de
Itapecerica da Serra no final da tarde. "Que ele influencie gerações e
gerações de brasileiros por esse apreço à docência e liberdade de
imprensa."
Histórico
Roberto Civita estava no comando da companhia havia mais de duas décadas, período em que a empresa diversificou seus negócios, tornando-se um dos maiores conglomerados de comunicação da América Latina. O grupo é responsável pela publicação das revistas "Veja", "Exame", "Nova" e "Quatro Rodas", entre outras.
Civita acumulava os cargos de presidente do Conselho de Administração e
diretor editorial do Grupo Abril, e presidente do conselho da Abril
Educação. Mas, desde a sua internação, em março, estava afastado de
todas as suas atividades no grupo, que foram assumidas interinamente
pelo seu filho Giancarlo Civita, presidente executivo do Grupo Abril e
vice-chairman da Abrilpar.
O publisher assumiu a presidência do Grupo Abril em 1990, após a morte
do pai, quando se iniciou o período de intensa diversificação dos
negócios da companhia, com atuação nas áreas de mídia, educação,
gráfica, distribuição e logística.
Hoje, o grupo é composto pela Abril S.A., empresa responsável pelas
áreas de mídia (Editora Abril, Mídia Digital, Elemidia, Alphabase, MTV e
Casa Cor), gráfica, logística e distribuição, e pela Abril Educação. O
Grupo conta ainda com a Fundação Victor Civita, criada em 1985 com o
objetivo de fortalecer a educação de base no Brasil.
Corpo de Civita será cremado no Horto da Paz, em
Itapecerica da Serra (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Itapecerica da Serra (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Sob o comando de Roberto Civita, a Abril investiu em televisão e
internet. Colocou no ar a TVA e a MTV, considerada o primeiro canal de
TV segmentado do Brasil. Na internet, a primeira iniciativa foi com o
BOL, Brasil Online, lançado em 1996, e mais tarde incorporado ao UOL.
Em 1999 foi lançado o Ajato, provedor de internet em banda larga. Hoje,
a Abril Mídia Digital é a unidade do grupo responsável pelos novos
negócios digitais da Abril.
Na área de educação, fazem parte do grupo as editoras Ática e Scipione,
os sistemas de ensino Anglo, Ser, Maxi e GEO, o Siga (focado na
preparação para concursos públicos), o Curso e o Colégio pH, o Grupo ETB
(Escolas Técnicas do Brasil), a Escola Satélite, a rede de escolas de
inglês Red Balloon e a Livemocha, ensino de idiomas. Criada em 2007 como
um braço do Grupo Abril, a Abril Educação passou a atuar separadamente
da Abril S.A. no início de 2010, por meio de uma reorganização
societária.
Em maio de 2006, a Abril anunciou a sociedade com o grupo de mídia
sul-africano Naspers, que passou a deter 30% do capital da Abril SA,
incluindo a compra dos 13,8% que pertenciam aos fundos de investimento
administrados pela Capital International.
Giancarlo Civita, interinamente Diretor Editorial e presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, divulgou a seguinte nota:
Giancarlo Civita, interinamente Diretor Editorial e presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, divulgou a seguinte nota:
"Saudades de Roberto Civita.
A dor indescritível da perda de nosso pai torna-se suportável somente pela certeza de que ele teve uma vida plena em que fez frutificar suas convicções em uma obra memorável. Roberto Civita foi um líder, uma referência de pensamento e ação em benefício da democracia e do avanço social, econômico e cultural do Brasil.
Nosso pai era um entusiasta do Brasil. Ele acreditava no Brasil.
Durante toda sua vida ele mostrou em atos e palavras que uma nação de
verdade, viável e justa não nasce ao acaso. Ela precisa ser construída.
Ele tinha certeza de que as ferramentas para isso são a educação e a
liberdade de expressão. A esses dois fundamentos, que ele via como
inseparáveis, nosso pai dedicou sua vida.
Como seus filhos, reiteramos o compromisso que já havíamos feito a ele,
de perseverar na busca da verdade, na melhoria da qualidade de vida dos
brasileiros e no fortalecimento das instituições democráticas no
Brasil. Esse foi o legado que ele recebeu do nosso avô, Victor Civita.
Esse é o legado que eles no deixou. Vamos ser fiéis a ele."
O empresário Roberto Civita promoveu em 2003 o fórum 'Os 100 Dias do Governo Lula' (Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress)
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