quinta-feira, 20 de julho de 2017

Geóloga Sylvia Anjos, uma das pioneiras da área no Brasil, recebe prêmio internacional

20.Jul.2017
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A geóloga Sylvia Anjos foi reconhecida por sua liderança e dedicação no desenvolvimento e divulgação do conhecimento da geologia de petróleo. Ela recebeu da American Association of Petroleum Geologists (AAPG) o prêmio AAPG Distinguished Service Award for 2017, um dos mais importantes na área no mundo. Essa foi a primeira vez que um profissional brasileiro recebeu essa distinção.

A entrega ocorreu durante a reunião anual da AAPG, em Houston, Texas, nos Estados Unidos.

Para Sylvia, essa premiação representa, mais do que uma honra individual, um reconhecimento da atuação na companhia, que desde sua criação buscou desenvolver as geociências no Brasil. "O que eu pude fazer foi compartilhar um pouco do muito que a Petrobras me proporcionou ao longo da minha carreira. Tenho um orgulho muito grande da capacidade técnica da área de geociências da Petrobras, reconhecida internacionalmente pelas grandes descobertas, desde a Bacia de Campos aos campos gigantes do Pré-Sal da Bacia de Santos. Representar a Petrobras é extremamente honroso, pois a companhia é a maior empregadora de geólogos no Brasil”, afirmou.

Pioneiras na indústria de petróleo
Em comemoração aos 100 anos da reunião anual da AAPG, a geóloga Robbie Rice Gries publicou uma pesquisa, iniciada quatro anos antes, sobre mulheres pioneiras nas geociências do petróleo desde 1917 a 2017. Batizada de Anomalies: Pioneering Woman in Petroleum Geology, a ideia da publicação era contar a história das mulheres pioneiras na indústria de petróleo, que até os anos 80 era predominantemente masculina. Sylvia Anjos é uma das mulheres pioneiras da geologia de Petróleo no Brasil e sua história foi incluída no livro.
A geóloga começou a contribuir para a AAPG em 1997, com a fundação da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP), tendo ajudado a realizar a primeira conferência internacional da associação no Brasil no ano seguinte.
Sobre a presença de mulheres no mercado de trabalho ela diz que “o tratamento diferenciado atualmente é uma coisa meio subliminar, mas existe. A mulher para ter o mesmo reconhecimento que o homem precisa fazer muito mais”.
Visão 4D do mundo

“A Geologia nos permite ter uma visão 4D do mundo. Ela nos dá conhecimentos da evolução do planeta e das espécies, mostra que tudo é passageiro e tudo muda. Tentamos entender o que vai acontecer com base no que já aconteceu”.
A paixão pela área surgiu nas aulas de geografia, na época que Sylvia cursava a Escola Normal. “Tive uma professora muito boa, que falou sobre a evolução dos Andes e a criação da Bacia Amazônica. Eu achei o máximo”, conta. Ela também lia várias reportagens relacionadas ao tema.
Sylvia foi professora primária ao mesmo tempo em que cursava a faculdade de Geologia. Fez estágio em algumas empresas e conosco. Foi muito bom, aprendi muito nesse estágio. “Lá eu decidi que iria fazer isso pelo resto da vida”. Nessa época a geóloga relembra que conheceu todos os laboratórios da empresa, conversou com os especialistas e os técnicos, “foi muito legal”.
A geóloga formou-se em 1978 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No mesmo ano fez o concurso para trabalhar conosco. Na época só havia duas vagas destinadas às mulheres. “Era quase um tabu”. Ela lembra que foi a segunda geóloga a ingressar na companhia.
Sylvia conta que no início da carreira não havia banheiro feminino nos campos de petróleo terrestres e as mulheres também não podiam ir para os campos offshore (no mar) por causa da falta de estrutura para recebê-las. “Eu reclamava muito com meu chefe”, lembra. No ano seguinte as mulheres conseguiram autorização para trabalhar nos campos. “Em 1979 fui a uma plataforma pela primeira vez, mas a gente ainda voltava e dormia no hotel”, lembra.
A geóloga trabalhou nos campos de petróleo na Bahia, no Centro de Pesquisas da Petrobras e na área de Exploração (responsável por mapear e identificar áreas com ocorrências de petróleo e gás e perfurar poços pioneiros).
Hoje, com 38 anos de carreira na companhia, ela é gerente de Geologia e gerente geral de AppliedTechnologies de Libra, no pré-sal. Sylvia começou a trabalhar no pré-sal quando estava sendo furado o primeiro poço, em 2005, que mostrou o potencial da Bacia de Santos. Ajudou a treinar os geólogos para o tipo de rocha específica existente nessa camada. “Fui a primeira mulher na companhia a fazer mestrado e doutorado fora do País, na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos”, lembra.
Sylvia tem três filhas (Debora, Mariana e Fernanda).

Disseminação do conhecimento
Em convênios da companhia com universidades, Sylvia deu aulas em mestrados para disseminar o conhecimento da geologia e sempre encontra um tempinho para contribuir com projetos ligados à educação. Participa do programa Geólogos do Amanhã, criado em 2010 pela Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP), em associação com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. O programa capacita professores do ensino médio da rede pública para disseminar informações sobre a área de Geociências.
A paixão mais recente de Sylvia é o Projeto Casa da Pedra, realizado em parceria com a UFRJ e inaugurado em 2016. Trata-se de um alojamento para estudantes de geologia realizarem estudos de campo de fósseis na Bacia do Araripe, na divisa de Pernambuco e Ceará. A casa tem esse nome porque foi construída com caraterísticas locais, com pedras da região. As atividades por lá envolvem e movimentam toda a comunidade do entorno. O alojamento é aberto para alunos de qualquer universidade do Brasil.
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Postado em: [Institucional, Reconhecimento, Sociedade e Meio Ambiente]

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