O Papa Francisco despediu-se do Brasil na tarde deste domingo (28) após discursar na Base Aérea do Galeão, Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. “Parto com a alma cheia de recordações felizes”, disse o Papa, que embarcou rumo à Roma às 19h21. A próxima Jornada Mundial da Juventude acontece em 2016 na Cracóvia, Polônia
No discurso de despedida, o Papa Francisco
disse que já está com saudades, agradeceu aos voluntários e lembrou de
locais que visitou durante a estada no país. Antes, rumo ao Galeão, fez
um sinal de coração com as mãos aos fiéis .
"Dentro de alguns instantes, deixarei sua Pátria para regressar a Roma.
Parto com a alma cheia de recordações felizes. Essas, estou certo, se
tornarão oração. Neste momento, já começo a sentir saudades. Saudades do
Brasil, este povo tão grande e de grande coração, este povo tão
amoroso", agradeceu Francisco. (Leia a íntegra ao final)
"Saudades do sorriso aberto e sincero que vi em tantas pessoas,
saudades do entusiasmo dos voluntários. Saudades da esperança no olhar
dos jovens no Hospital São Francisco. Saudades da fé e da alegria em
meio à adversidade dos moradores de Varginha. Tenho a certeza de que
Cristo vive e está realmente presente no agir de tantos e tantos jovens e
demais pessoas que encontrei nesta inesquecível semana. Obrigado pelo
acolhimento e o calor da amizade que me foram demonstrados. Também disso
começo a sentir saudades", afirmou o pontífice, que foi aplaudido.
Papa se despede na porta do avião no Galeão
(Foto: Reprodução / Globo News)
(Foto: Reprodução / Globo News)
O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou que o Papa “não
encantou apenas os jovens”. “Voltou a despertar a fé em todos os
brasileiros”, disse. “Um verdadeiro evangelizador, como Cristo. (...)
Quando voltar ao Brasil, ao que me parece, em 2017, não precisará bater
nas portas, porque elas estão permanentemente abertas.”
"O Papa vai embora e lhes diz 'até breve', um 'até breve' com saudades,
e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele. Este Papa
precisa da oração de todos vocês. Um abraço para todos. Que Deus lhes
abençoe!", concluiu.
O Papa disse que "na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam
que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena
comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas 'para
sempre', uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã".
"Eu peço a vocês que sejam revolucionários, que vão contra a corrente;
sim, nisto peço que se rebelem; que se rebelem contra essa cultura do
provisório que, no fundo, crê que vocês não são capazes de assumir
responsabilidades, que não são capazes de amar a verdade. Eu tenho
confiança em vocês, jovens, e rezo por vocês. Tenham a coragem de “ir
contra a corrente”. Tenham a coragem de ser felizes!", pediu o Papa
Francisco, aplaudido pelos jovens.
Papa se reúne com bispos no Sumaré
(Foto: Reprodução/GloboNews)
(Foto: Reprodução/GloboNews)
Bispos na periferia
Antes, durante encontro com a coordenação do Conselho Episcopal Latino-Americano, e afirmou aos bispos que eles devem fugir de diversas tentações, entre elas, o funcionalismo, e devem focar seu trabalho de evangelização nas periferias.
"Gosto de dizer que a posição de um discípulo missionário não é de
centro, mas de periferia", afirmou o Papa Francisco. Ele disse ainda que
se colocar como "centro" é uma tentação que descaracteriza a Igreja,
que se transforma em uma ONG.
O encontro tratou da importância dos missionários na América Latina.
Segundo o Papa, o “funcionalismo” é outro problema, que pode ser
“paralisante”. "Peço que não se ofendam, mas creio que estamos muito
atrasados", disse o Papa Francisco, ao falar sobre o trabalho das
pastorais na América Latina.
Francisco fez questionamentos sobre o papel da Igreja e perguntou se
agentes pastorais e fiéis se sentem parte dela. Em seguida, o Papa
tratou da forma como evangelizar. "A pastoral é, em última instância, o
exercício de maternidade da Igreja", disse.
O Papa afirmou que o papel dos bispos deve ser de "padres irmãos,
pacientes e misericordiosos e homens que amem a pobreza", que não sejam
ambiciosos e não tenham "psicologia de príncipes". Para o Papa, os
bispos devem manter seu povo unido e cuidar da esperança dele.
Voluntários da JMJ se despedem do Papa
no Riocentro. (Foto: reprodução GloboNews)
no Riocentro. (Foto: reprodução GloboNews)
Último dia no país
A última missa do Papa Francisco reuniu 3 milhões de pessoas em Copacabana durante a manhã. Francisco pediu aos jovens que façam discípulos em todas as nações e transmitam a experiência vivenciada na Jornada Mundial da Juventude a outras pessoas. Ele voltou a dizer que é preciso ir sem medo para servir. "Não tenham medo de ir e levar Cristo para todos os ambientes", afirmou.
"A experiência deste encontro não pode ficar trancafiada na vida de
vocês ou no pequeno grupo da paróquia, do movimento, da comunidade de
vocês. Seria como cortar o oxigênio a uma chama que arde. A fé é uma
chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida,
para que todos possam conhecer, amar e professar que Jesus Cristo é o
Senhor da vida e da história", disse o religioso.
"Não podia regressar a Roma sem antes agradecer, de modo pessoal e
afetuoso, a cada um de vocês pelo trabalho e dedicação com que
acompanharam, ajudaram, serviram aos milhares de peregrinos, pelos
inúmeros pequenos detalhes que fizeram desta Jornada Mundial da
Juventude uma experiência inesquecível de fé", afirmou Francisco.
"Senhora Presidenta da República,
Distintas Autoridade Nacionais, Estaduais e Locais,
Senhor Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro,
Senhores Cardeais e Irmãos no Episcopado,
Queridos Amigos!
Dentro de alguns instantes, deixarei sua Pátria para regressar a Roma. Parto com a alma cheia de recordações felizes; essas – estou certo – tornar-se-ão oração. Neste momento, já começo a sentir saudades. Saudades do Brasil, este povo tão grande e de grande coração; este povo tão amoroso. Saudades do sorriso aberto e sincero que vi em tantas pessoas, saudades do entusiasmo dos voluntários. Saudades da esperança no olhar dos jovens no Hospital São Francisco.
Saudades da fé e da alegria em meio à adversidade dos moradores de Varginha. Tenho a certeza de que Cristo vive e está realmente presente no agir de tantos e tantos jovens e demais pessoas que encontrei nesta inesquecível semana. Obrigado pelo acolhimento e o calor da amizade que me foram demonstrados. Também disso começo a sentir saudades.
De modo particular agradeço à Senhora Presidenta, por ter-se feito intérprete dos sentimentos de todo o povo do Brasil para com o Sucessor de Pedro. Cordialmente agradeço a meus Irmãos Bispos e seus inúmeros colaboradores por terem tornado estes dias uma celebração estupenda da nossa fé fecunda e jubilosa em Jesus Cristo. Agradeço a todos os que tomaram parte nas celebrações da Eucaristia e nos restantes eventos, àqueles que os organizaram, a quantos trabalharam para difundi-los através da mídia. Agradeço, enfim, a todas as pessoas que, de um modo ou outro, souberam acudir às necessidades de acolhida e gestão de uma multidão imensa de jovens, sem esquecer de tantas pessoas que, no silêncio e na simplicidade, rezaram para que esta Jornada Mundial da Juventude fosse uma verdadeira experiência de crescimento na fé. Que Deus recompense a todos, como só Ele sabe fazer!
Neste clima de gratidão e saudades, penso nos jovens, protagonistas desse grande encontro: Deus lhes abençoe por tão belo testemunho de participação viva, profunda e alegre nestes dias! Muitos de vocês vieram como discípulos nesta peregrinação; não tenho dúvida de que todos agora partem como missionários. A partir do testemunho de alegria e de serviço de vocês, façam florescer a civilização do amor. Mostrem com a vida que vale a pena gastar-se por grandes ideais, valorizar a dignidade de cada ser humano, e apostar em Cristo e no seu Evangelho. Foi Ele que viemos buscar nestes dias, porque Ele nos buscou primeiro, Ele nos faz arder o coração para anunciar a Boa Nova nas grandes metrópoles e nos pequenos povoados, no campo e em todos os locais deste nosso vasto mundo. Continuarei a nutrir uma esperança imensa nos jovens do Brasil e do mundo inteiro: através deles, Cristo está preparando uma nova primavera em todo o mundo. Eu vi os primeiros resultados desta sementeira; outros rejubilarão com a rica colheita!
O meu pensamento final, minha última expressão das saudades, dirige-se a Nossa Senhora Aparecida. Naquele amado Santuário, ajoelhei-me em prece pela humanidade inteira e, de modo especial, por todos os brasileiros. Pedi a Maria que robusteça em vocês a fé cristã, que é parte da nobre alma do Brasil, como também de muitos outros países, tesouro de sua cultura, alento e força para construírem uma nova humanidade na concórdia e na solidariedade.
O Papa vai embora e lhes diz “até breve”, um “até breve” com saudades, e lhes pede, por favor, que não se esqueçam de rezar por ele. Este Papa precisa da oração de todos vocês. Um abraço para todos. Que Deus lhes abençoe!"
No encontro no Riocentro entre o Papa Francisco e os voluntários da Jornada Mundial da Juventude, com mais de 12 mil presentes, o pontífice agradeceu a todos que se esforçaram e se entregaram para a realização do evento. Em seu discurso, o Papa disse que os jovens podem contar, sempre, com as suas orações e pediu para que todos rezem por ele também. Assim como na fala de sábado, durante a vigília, as orientações foram direcionadas para a juventude, com pedido para que eles “nadem contra a corrente e se rebelem contra a cultura do provisório”.
O evento se iniciou com a fala de voluntários, em destaque
para uma polonesa, já comemorando a escolha por Cracóvia para a próxima JMJ,
que agradeceu por toda a orientação e pensamentos transmitidos pelo pontífice. Logo
no início de seu discurso, o Papa afirmou que “não poderia regressar a Roma,
antes de agradecê-los pelo trabalho e dedicação”. O trabalho dos voluntários
rendeu uma comparação com a missão de São João Batista, que foi o responsável
por preparar o caminho para Jesus.
Papa Francisco também fez questão de ressaltar a força instituição
do casamento, que, segundo ele, é acusado de estar “fora de moda” por alguns
setores da sociedade, fato logo rechaçado, em coro, pelo público, para sua
alegria. Em fala semelhante à de sábado (27), durante a vigília, o pontífice se
dirigiu aos jovens, lhes fazendo pedidos, lembrando que eles provaram que há
maior alegria em dar do que receber:
“Sejam sempre generosos com Deus e com os demais. Deus os chama
para escolhas definitivas e tem um projeto para cada um. Descobri-lo significa
caminhar na realização do projeto de si mesmo. Muitos pregam que o importante é
curtir o momento e que não vale a pena fazer escolhas definitivas. Peço que sejam
revolucionários. Peço que nadem contra corrente, se rebelem contra a cultura do
provisório, que no fundo crê que vocês não são capazes em assumir responsabilidade,
e amar de verdade. Tenham coragem de ser felizes”, defendeu.
Em outro momento de destaque do discurso, o Papa lembrou de
sua própria juventude, quando, aos 17 anos, depois de passar pela igreja para se
confessar, ele diz ter sentido pela primeira vez que Deus me chamava. No final,
ele afirmou que os jovens não devem ter vergonha em pedir ajuda a Deus em busca
de orientação e então encerrou sua fala agradecendo, mais uma vez, aos
voluntários, pastorais e grupos que se dedicaram pela realização da JMJ. Como
já havia acontecido, o pontífice retornou, ao fim, para relembrar a todos: “rezem
por mim”.
Após o encontro, o Papa Francisco seguiu para a Base Aérea
do Galeão, retornando a Roma.
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