PMs foram feridos e
encurralados dentro de prédio da Alerj
"Gazeta do Litoral" online - Pelo menos 80
policiais militares estão feridos e sitiados dentro da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), informou há pouco à Agência Brasil o
presidente da instituição, deputado Paulo Melo. Ele reagiu com
indignação à tentativa de invasão da Alerj por manifestantes, que
qualificou de "baderneiros".
“Ninguém mais do que eu defende o
direito à liberdade de expressão, à livre manifestação”, disse. Ele
explicou, porém, que uma coisa é a pessoa reivindicar direitos, lutar
por alguma coisa que tem um objetivo. “Outra coisa é o prazer de
destruir”. Melo criticou o fato de a manifestação começar por uma causa e
terminar sem causa alguma. A manifestação, reiterou, começou pacífica
e, ao seu final, “as pessoas vão embora, mas os baderneiros ficam. O
que está acontecendo na assembleia é um ato contra a democracia”.
O
deputado disse que existem policiais militares feridos dentro da Alerj,
muitos apedrejados pelos manifestantes. A ordem dada por Melo era que
os policiais não reagissem às provocações e não usassem violência,
limitando-se a proteger o patrimônio.
Segundo o presidente da
Alerj, os manifestantes ameaçam incendiar as instalações. “É por isso
que nós lutamos?”, questionou. “Esse é o princípio da democracia?” Para
Melo, trata-se de uma ameaça ao Poder Legislativo. Sua orientação é para
que se proteja a Alerj. “O que eles querem é o enfrentamento, que nós
não queremos. Nós estamos evitando ao máximo esse tipo de atitude”.
Gritando palavras de ordem como "Não é Turquia, não é a Grécia, é o Brasil saindo da inércia", "não tenho partido" e "abaixa a bandeira", em direção a militantes de partidos políticos com o PSTU e PSOL, a manifestação contra o reajuste das passagens de ônibus toma praticamente toda a avenida Rio Branco, no centro.
A Polícia Militar estimou em cerca de 40 mil pessoas até as 18h. Os
organizadores não fizeram estimativa após o início da caminhada, mas a
multidão ocupava, de forma compacta, cerca de 800 metros da avenida Rio
Branco. A avenida tem 33 metros de largura.
No final da passeata, por volta das 19h30, os manifestantes se
dividiram. Enquanto parte seguia para a Cinelândia, um grupo grande
dobrou na rua Araújo Porto Alegre, rumando em direção ao prédio da
Assembleia Legislativa do Rio.
A polícia fechou o trânsito na avenida Antônio Carlos, que leva para a
Alerj. Em um carro de som, um manifestante gritou: "ocupamos o Congresso
Nacional". A multidão começou a gritar: "ocupa, ocupa, ocupa a Alerj" e
"isso aqui vai virar um inferno".
Um manifestante soltou uma bomba do tipo cabeção de nego e foi vaiado pelos outros manifestantes.
Das janelas dos prédios comerciais, pessoas jogam papel picado e acenam
com panos brancos. Muitos manifestantes também vestem branco e levam
flores. Uma gigantesca bandeira branca é carregada pelos participantes, a
maioria jovens estudantes.
Ao final do dia, pessoas que saiam do trabalho, muitos usando terno, se
somaram à multidão. As avenidas Presidente Vargas (no sentido
Cinelândia) e Rio Branco estão fechadas ao trânsito.
Cerca de 600 estudantes da UFRJ (Universidade Federal do Rio) sairam do
IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) no centro do Rio em
direção à Igreja da Candelária.
São alunos de várias faculdades da UFRJ de diferentes pontos da cidade
que vieram em grupos de dez, para evitar a repressão policial.
"O povo brasileiro está se conscientizando de lutar pelos seus direitos", disse Carolina Genoves, 24, estudante de Direito.
Já era intensa a movimentação de pessoas saindo do trabalho por volta
das 16h30 no centro do Rio. Muita gente caminhava rápido nas ruas e
recorria ao metrô. Diversas lojas e prédios comerciais estavam fechados,
com seguranças do lado de dentro observando a movimentação através dos
vidros.
O trânsito também estava muito mais intenso do que o normal para o
período. Na semana passada, outro dois protestos, de menor dimensão,
tomaram as ruas do Rio.
Participando da passeata, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ),
disse ser "natural" o movimento, com as pessoas "reagindo à hegemonia de
partidos que esqueceram seu programa original. É como o vômito
necessário para depois se alimentar de novo", disse, descendo a Rio
Branco.
À frente da passeata seguiam dois carros e duas motos da Polícia Militar, mais 50 guardas municipais.
Militante do PSTU e funcionário da Petrobras, Fábio Pardal foi "convidado" pelos manifestantes a sair da frente da passeata. Pardal carregava uma bandeira de seu partido.
"Lutamos muito durante a ditadura para termos o direito de nos
organizar. Essa crítica aos partidos é causada pela classe política,
principalmente pela decepção com o PT", disse.
AS PALAVRAS DE ORDEM
As palavras de ordem ouvidas na manifestação que ocupa o centro do Rio
vão desde reclamações contra o preço das passagens à referências à
Turquia.
A multidão grita "se a passagem não baixar, o Rio vai parar" e "mãos ao alto, a passagem é um assalto"
Alguns se dirigem aos policiais que acompanham a passeata cantando "querido fardado, seu filho anda de táxi?"
Outros gritam "Argentina", referência ao fato de o prefeito Eduardo Paes
ter dito em entrevista ao jornal inglês "The Guardian" que "se mataria"
caso o Brasil perca para a Argentina na final da Copa do Mundo.
Em determinado momento, os manifestantes começaram a gritar "acabou o
amor, isso aqui vai virar Turquia" e xingavam o governador do Rio,
Sérgio Cabral.
Nenhum comentário:
Postar um comentário