|
Uma festa de arromba: sessão solene que custou R$ 296,5 mil (cerca de R$ 1,7 mil por minuto) desencadeou série de escândalos
|
Sucessivos
escândalos afundaram o Legislativo Macaense em uma crise de
credibilidade sem precedentes. Atitudes unilaterais tomadas pelo
presidente da Casa, vereador Eduardo Cardoso (PPS) e por alguns de seus
pares, acabaram ganhando eco devido às denúncias expostas no jornal
Expresso Regional e nas redes de televisão Record e Globo. Tudo começou
no dia 5 de agosto, quando o Expresso trouxe à tona dois contratos da
Câmara, um de R$ 296,5 mil e outro de R$ 933 mil. Erroneamente a Câmara
colocou na destinação dos dois contratos o mesmo serviço de locação de
carros. No entanto, o primeiro contrato, na verdade era para a
realização da sessão solene do aniversário de Macaé. Festa, aliás, que
custou mais de 1.700 reais por minuto.
Na mesma semana da denúncia do Expresso, o presidente da Câmara, Eduardo
Cardoso assumiu em plenário, e também por nota oficial divulgada por
sua assessoria, que realmente gastou quase R$ 300 mil na festa, o que já
seria um escândalo, por si só. No entanto, ainda naquela semana, as
câmeras de TV Record trouxeram à tona outro escândalo: o da locação de
automóveis. Na reportagem, a emissora questionava o valor do contrato:
933 mil reais. O valor foi gasto para a locação de 17 carros de luxo
(modelo Cobalt), um para cada vereador. A reportagem argumentou que, com
o mesmo valor daria para comprar os mesmos carros e ainda sobraria.
Além dos carros, os vereadores têm direito a 700 litros de gasolina, não
inclusos no contrato de locação.
Já a Rede Inter TV, afiliada da Rede Globo denunciou, duas semanas
depois, o incoerente gasto de R$ 300 mil realizados pela Câmara em uma
única festa. A reportagem reproduziu os fatos denunciados pelo Expresso,
no último dia 12 de agosto. Na solenidade dos 200 anos de Macaé, numa
festa restrita a cerca de 400 convidados e que durou aproximadamente
três horas, foram gastos cerca de 740 reais por pessoas e mais de 1.700
reais por minuto. Uma festa digna de Eike Batista, quando ainda figurava
na lista dos 10 homens mais ricos do mundo.
Agora a “bola da vez” foi o vereador Julinho do Aeroporto (PPL). Em um
furo de reportagem, a Rede Record flagrou o parlamentar indo a um jogo
de futebol como carro alugado (o Cobalt de luxo) da Câmara Municipal. A
matéria teve enorme repercussão e, pressionado pela revolta popular, o
vereador acabou abrindo mão do carro alugado e do telefone celular
institucional (cada vereador tem direito também a um celular, com 600
minutos de ligações bancados pela Câmara). A atitude de Julinho foi
corajosa. Porém, ao devolver seu carro de luxo, acabou colocando os
demais 16 colegas em situação bastante incômoda: já existe uma campanha
nas Redes Sociais para que os demais vereadores também devolvam seus
carrões ou que o contrato de aluguel seja rescindido.
Perseguição? — É bom que se destaque que as decisões de alugar carros de
luxo ou realizar festas com valores questionáveis são deliberadas
unilateralmente pelo presidente da Câmara. No entanto, suas atitudes
acabaram manchando a imagem dos demais vereadores que, para recuperarem a
sua imagem, precisaram dar uma resposta à população e tomar alguma
atitude em relação à mesa diretora. “É bom que se deixe claro que fui o
único vereador que não votou na atual diretoria. E que os vereadores não
assinam contratos de compra e aluguel. Isso é deliberação exclusiva da
mesa diretora”, disse o vereador Marcel Silvano (PT), um dos que foram
mais criticados, mesmo não fazendo parte da diretoria.
O presidente da Câmara se recusa a dar entrevista aos meios de
comunicação televisivos (apenas o vice-presidente, Maxwell Vaz concedeu
entrevista). Mas, em plenário, vários vereadores falaram em “perseguição
por parte da mídia”. Na sessão da última terça-feira (20), o vereador
Cezinha (PSL) chegou a solicitar da mesa diretora que a Rede Record
fosse processada. A principal bronca é com o apresentador da emissora,
Alexandre Tadeu que, por acaso, é vereador no município de Campos.
Naquela cidade, aliás, os vereadores abriram mão de usar carros
oficiais.
Matéria publicada no jornal EXPLESSO REGIONAL
em 23 de agosto de 2013.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário