Fotos: Manoel Olive
Uma noite
de reencontros para guardar na memória e no coração. Além de lembranças e
fortes emoções, a sessão solene pelos 50 anos do Instituto Nossa Senhora da
Glória – INSG/Castelo, realizada na dia 24 de outubro, promoveu também um resgate da história da educação em Macaé. A exposição de
fotos e objetos que datam das primeiras décadas de funcionamento da instituição
revelam uma realidade muito diferente da que conhecemos atualmente. Contudo, o
ponto alto do evento foram as homenagens aos que participaram da construção da
educação salesiana na cidade.
Funcionários,
alunos e professores participaram de apresentações de música e dança, que
encantaram o público presente. Ao final da solenidade, todos cantaram parabéns
para o INSG/Castelo com um grande bolo que foi servido aos convidados. Para a ex-professora
aposentada Enir Rocha Nogueira, que trabalhou na escola de 1963 até 1991,
faltaram palavras para descrever a alegria e a emoção de participar deste
momento. “Eu dava aula de educação física e prática de ensino e ajudei as irmãs
a construírem a primeira quadra da escola, que naquela época (década de 60)
ainda era de terra batida. Pegamos enxadas, pás e fizemos nós mesmas”,
relembrou.
O
economista Jorge Chaloub Neto estudou com as irmãs salesianas em 1961, em uma
casa muito simples no centro da cidade. O imóvel foi alugado para o início do
trabalho educativo que culminaria na aquisição do Solar Monte Elíseo e na
fundação do INSG/Castelo, em 1963. “É muito bom ver como esse trabalho que
começou tão pequeno - com apenas quatro freiras que chegaram à Macaé e não
possuíam residência - deu frutos tão grandiosos. Apesar de ter apenas sete anos,
me lembro bem do hábito branco ou preto que elas usavam e tenho um carinho
enorme por elas. É um orgulho muito grande fazer parte dessa história.”
Para os
pais de ex-alunos também foi uma emoção retornar ao colégio. É o caso de Carmem
Perón que relembrou a época que a sua filha estudava na instituição. “Fazia uns
10 anos ou mais que eu não visitava o Castelo. Minha filha Beatriz estudou aqui
até terminar o ensino médio”. Ela conta que participou de inúmeras
apresentações de final de ano, festas juninas e de Nossa Senhora Auxiliadora. “Sempre
gostei muito da educação esportiva do Castelo. Minha filha também gostava
bastante, tanto que ganhou até uma medalha de ouro no vôlei em uma competição regional”.
Destaque
entre os homenageados da noite, a irmã Adma Cassab Fadel - a única das quatro
irmãs fundadoras do INSG/Castelo que ainda está entre nós – também falou da
emoção de retornar onde tudo começou. “Era tudo muito difícil naquela época. A
casa que nós alugamos para morar, também era a escola. As instalações eram
precárias e nós fazíamos um trabalho social muito intenso em quatro comunidades
pobres: Aroeira, Barra, Carvão e Cavaleiros. Soube que hoje esses locais são
bairros bem estruturados, mas não era assim no início dos anos 60. Não tínhamos
meios de transporte, telefone, nem mesmo geladeira. É muito bom ver no que o
esforço de tantas irmãs resultou”, destacou.
UM POUCO DE HISTÓRIA
Um
das escolas mais tradicionais da cidade, o INSG/Castelo foi fundado no
dia 27 de julho de 1963. Quando inaugurou, oferecia apenas educação
básica e fundamental para moças. Hoje, junto da Faculdade Salesiana
- inaugurada em 6 de agosto de 2001 - é uma instituição completa e
oferece educação do maternal a pós-graduação. Uma história de
crescimento que se perpetua a cada ano, com novas ferramentas
pedagógicas e cursos que qualificam os estudantes para o ingresso nas
melhores universidades e nas maiores empresas do mundo.
Educação Salesiana
Uma
história que começou em 1961, com a chegada das primeiras Irmãs
Salesianas no dia 11 de agosto, e contribuiu para transformar a pacata
Macaé na capital nacional do petróleo. Muito antes da chegada da
Petrobras em 1977, as Filhas de Maria Auxiliadora
já preparavam a juventude macaense para as transformações dos novos
tempos. Passados mais de meio século, o desafio de promover uma educação
de valores continua. Contudo, agora conta com o auxílio da tecnologia e
da inovação - marca dessas mulheres à frente de seu tempo.
Prédio Histórico
Construído
no século XIX, o Solar Monte Elísio foi casa de veraneio do Visconde de
Araújo. Erguido por escravos, o prédio levou 14 anos para ficar pronto
(1852-1866) e recebeu o nome de “Monte Elíseo” por influência da Élysée de Paris e dos ventos que sopravam no alto do monte.
Foram
14 anos de construção na antiga Fazenda Caturra. O prédio recebeu os
melhores materiais, desde telhas marseille, madeira de pinho de riga,
até acabamentos de luxo e decoração francesa. A tradição conta que Dom
Pedro II teria se hospedado no luxuoso imóvel, e que a Princesa Isabel
visitava com regularidade os proprietários. Atualmente, o prédio é um
dos blocos do INSG/Castelo, onde funciona a secretaria, a sala da
direção e outros setores da administração.
Uma das principais atrações do imóvel é a escada
de madeira, com detalhes entalhados à mão, feita a partir de uma
técnica francesa de encaixe, que não usa um prego sequer. “Um dos
escravos do Visconde foi à França aprender a técnica para construir a
escada”, relata a coordenadora da Educação Técnica do Castelo, Scheila
Abreu e Silva, que trabalha no colégio desde 1998.
O
espaço tem outros atrativos, como o suposto pelourinho localizado na
quadra da escola, onde os escravos eram castigados. Além do Visconde de
Araújo, outro ilustre morador do INSG/Castelo foi Hindemburgo Olive, um
dos maiores expoentes da pintura contemporânea fluminense, nascido no
Castelo. (Assista o vídeo com o breve histórico do Colégio Castelo) .
O professor José Domingues, recebeu justa homenagem dos organizadores dos festejos dos 50 anos do Castelo.(fotos: Manoel Olive) |
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